Memória LEOUVE

O rei está nu  

O rei está nu   

 

Que final de semana senhoras e senhores. Muita notícia, muita emoção, muito ódio e comemoração. Também muita gente lamentando.

 

Fidel morreu e como já se disse, está oficialmente fechado o século XX. Goste-se ou se tenha raiva dele, Fidel Castro é um mito. Matou, mandou matar, reprimiu e foi ditador. Não há dúvidas sobre isto. Foi romântico, amou, viveu às últimas consequências uma utopia que deu meio certo. Não há crianças sem teto em Cuba, mas também sem grandes perspectivas de uma vida um pouco melhor do que o rodapé de suas próprias biografias.

 

O que é melhor ou pior? Em Cuba não há fome extrema, mas há um contingenciamento que qualquer classe média em outra parte do mundo não suportaria. Os cubanos suportam porque quem poderia se opor está em Miami. O que é melhor: poder trocar de celular para um modelo mais caro todo o ano e ver milhares de pessoas passando fome e sem direito a saúde ou a um prato digno de comida.

 

 

A velha disputa entre o capitalismo selvagem e o socialismo banquirroto parece estar de volta. Não, não está. O momento, e a morte de Fidel parece ser o último prego no caixão, é o de saudar Trump e o capitalismo. A direita triunfou e vivemos um momento claro na história que ninguém sabe ao certo onde nos levará. Fidel nunca será unanimidade. Será visto por uns como herói por outros com vilão. Mas agora está no lugar em que os mitos devem estar: no mundo do além.

 

 

Não fosse o líder cubano ter morrido na sexta-feira, certamente o nome em evidência da semana passada seria o de Marcelo Callero. Ele despiu o rei. Temer tentou minimizar o caso Gedel/tráfico de influência. Não deu certo. Temer se queixou da indignidade de alguém gravar a conversa de um presidente. Parece ter esquecido o modo pelo qual chegou ao Planalto e o vazamento da conversa entre Dilma e Lula.

 

Pois que continuem ouvindo a voz das ruas: queremos o fim da corrupção; queremos saúde e estradas.

 

Queremos segurança e um país do qual possamos nos orgulhar. Nada assim tão melhor do que Cuba. Só um pouquinho. Só isso.