Bento Gonçalves

Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas de Bento Gonçalves contam há 19 anos com o Napne, do IFRS

Núcleo promove monitoria e elaboração de didáticas, técnicas e equipamentos que auxiliam PNEEs na conquista da autonomia

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Graziela Guimarães é pedagoga e psicopedagoga e participa do NAPNE há oito anos (Foto: Leon Sanguiné/RSCOM)

A educação precisa ser transformadora e libertadora também para as Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (PNEEs). E é desta forma, entendo o aluno como capaz de construir a própria história, que o Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do campus Bento Gonçalves do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) tornou-se referência na elaboração de didáticas, técnicas e equipamentos que auxiliam no desenvolvimento destes estudantes. A partir deste trabalho, que já dura 19 anos, o núcleo realizou recentemente, inclusive, formação pedagógica envolvendo professores da rede municipal de ensino da cidade.

O Napne tem por objetivo principal incentivar, mediar e facilitar a inclusão social de Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (PNEEs). Da mesma forma, auxiliar a aprendizagem destes alunos por meio de tecnologias e adaptações pedagógicas e curriculares no meio no ambiente escolar. Assim, o objetivo final é gerar melhor associação do mundo com aquilo que é proposto em sala de aula.

O Diretor de Ensino do IFRS, Tiago Goulart, acrescenta que o Napne busca contribuir para que os PNEEs tenham autonomia não somente nos estudos, mas também na profissão para a qual estão em formação e, ao fim, como cidadãos no mundo. “Queremos que sejam sujeitos das próprias trajetórias e transformador do local em que vive. Colaboramos nessa formação mais ampla, entendendo que mesmo com determinadas limitações, esse estudante pode e deve estar incluso na sociedade de um modo geral.”

Ferramentas e cuidado para transformar

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Professora convidada do IFRS com atuação no NAPNE, Rosângela Silveira Garcia tem de atuação o atendimento educacional especializado (Foto: Leon Sanguiné/RSCOM)

A equipe é formada por cuidadores, estagiários e psicopedagogos que fazem o acompanhamento, principalmente em turno inverso, mas também durante as aulas, de alunos PNEEs dos cursos integrados do campus Bento Gonçalves do IFRS. Além disso, o NAPNE desenvolve também novos equipamentos, como jogos adaptados, que ajudam o aluno a compreender melhor e de maneira lúdica o conteúdo de sala de aula. Sempre com interlocução com os profissionais que atendem os estudantes fora do instituto – psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas.

Graziela Guimarães é pedagoga e psicopedagoga e participa do NAPNE há oito anos. Para ela, o mais gratificante é ver o aluno mostrando muita dedicação para aprender. “São estudantes que a gente não pega na sala de aula, eles vêm. Não é porque o pai ou o instituto quer. Ele mesmo tem essa vontade de evoluir. E eu cobro mesmo. Quero que venham, tenham compromisso e, dessa forma, tudo melhore.”

Monitora do Napne há um ano e dois meses, Pauline de Moura Cuti cursa pedagogia no IFRS. Ela acompanha, atualmente, a primeira aluna autista dentro do instituto. “É um vínculo, uma troca, uma coisa que não está escrita nos livros. Cria-se uma responsabilidade, mas também um afeto, um carinho, um se colocar no lugar do outro.” Como mais desafiador, a estudante elenca a própria imprevisibilidade da rotina. “Não tem como prever como os colegas vão estar, como os professores vão estar, como ela vai estar, como eu vou estar. É um dia de cada vez e conhecê-la aos poucos.”

Professora convidada do IFRS com atuação no Napne, Rosângela Silveira Garcia tem de atuação o atendimento educacional especializado. Na visão dela, acima de tudo, o núcleo procura contribuir com os alunos PNEEs na busca por autonomia. “A gente traz o concreto para eles, com interlocução à pratica. Uma experiência para que perceba o conhecimento no dia a dia e dialogue também com o restante da turma. Nossa meta é exatamente deixá-lo o mais seguro possível para que no futuro ele não precise mais de um monitor.”

Smed busca o Napne para formação

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Profissionais da Smed realizaram curso de formação junto ao núcleo (Foto: Leon Sanguiné/RSCOM)

Desta maneira, dentro da ideia de expandir conhecimento, equipamentos e didáticas desenvolvidos pelo NAPNE, desde março é realizada formação pedagógica com professores da rede municipal de ensino de Bento Gonçalves. Intitulado “Diálogos”, o projeto, do qual participa a professora Rosângela Silveira Garcia, busca preparar os educadores para lidar com os hoje 300 alunos PNEEs público-alvo da educação especial nas escolas municipais da cidade. A partir das atividades, o grupo, formado por profissionais do Serviço de Atendimento Educacional Especializado, participou de palestras e oficinas em que desenvolveram materiais, feitos com sucata e a partir da madeira, utilizados para facilitar a aprendizagem dos estudantes.

Psicóloga do Núcleo de Inclusão e Diversidade (NID) da Smed, Nádia de Cesaro acredita que a principal contribuição do curso foi poder conhecer possibilidades para o aluno PNEE acessar conteúdo e situações específicas de ensino. “O papel deles é justamente ajudar nesse acesso e, na sequência, multiplicar o que aprenderam para os demais educadores.

Participam do curso 25 educadores que, ao encerrá-lo, estarão alimentados de novas tecnologias que auxiliam na entrega de educação de qualidade ao ensino especial.