Sinceramente, não é de espantar que o presidente Michel Temer e toda a base aliada do governo se desdobre em livrar a pele do secretário de Governo Geddel Vieira Lima no caso em que ele tentou pressionar o agora ex-ministro da Cultura pra liberar o luxuoso apartamento que ele comprou num condomínio na Bahia emperrado porque foi construído em área de preservação.
Muito menos achar estranho que os aliados saiam dizendo que o que Geddel fez foi café pequeno e que a gente deve é parar de se preocupar com crises paroquiais e cuidar dos grandes temas nacionais.
Eu concordo, temos mesmo enormes problemas pra resolver nesse país de botocudos.
O problema é que esse tipo de comportamento é a mãe de todos os males dessa nação doente, que convive com corrupções menores como se fossem deslizes comezinhos que devem ser perdoados porque errar é humano e deixar pra lá é camaradagem.
Afinal, quem não quer uma mãozinha para dar um chega prá lá na burocracia, né mesmo? Vocês estão de brincadeira. Isso é perseguição.
Só porque ele comprou um apartamento no 23º andar de um prédio que só tinha licença pra subir até o 13°? Convenhamos, acerta lá meia dúzia de medidas mitigatórias, o cara planta meia dúzia de árvores sabe-se-lá-onde e garante a vista.
Ou querem derrubar o cara só porque ele já disse que não vê nada errado em receber R$ 20 mil como parlamentar aposentado, junto com os mais de R$ 30 mil que fatura como ministro pra estourar o teto, mesmo depois que o próprio Temer abriu mão pra garantir a constituição?
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Ah, vamos deixar Gddel em paz pra conduzir a coordenação e a articulação política do governo na Câmara.
Afinal, o homem tem experiência pra ser o grande líder do governo nestes tempos de valores rasos.
Um cara que surgiu como afilhado político de Toninho Malvadeza, foi articulador do esquema dos anões do orçamento, apoiou Collor, rompeu com ele, apoiou FHC e rompeu com ele, foi ministro de Lula, rompeu com ele e agora é homem forte de Temer tem que ter seu valor.
Afinal, num governo que herdou um déficit de verdade, como disse Michel temer no Conselhão, é mesmo bom deixar tudo às claras:
Se o líder no Senado foi grampeado articulando uma forma de estancar a sangria da Lava-jato, e o ministro do Turismo foi-se embora depois de ter sido apanhado pela Procuradoria-Geral da República, Geddel é exemplo do mais baixo fisiologismo. E, pra não ficar atrás, carrega nas costas denúncias da Lava-jato como beneficiário direto de recursos polpudos oferecidos graciosamente pela empreiteira OAS.
Tem currículo melhor?
