Memória LEOUVE

E se não voltarmos pra casa?

E se não voltarmos pra casa?
 
E se não voltarmos pra casa…

Estou impressionado.
Triste.
Não lembro de um ano com tantas barbáries como estamos presenciando neste ano de 2016…
Está tudo errado.
Valores, sentimentos, educação, governo…
Mentiras, calúnias, difamações, inveja, traições…
Tudo ao alcance de todos, na televisão, nas rádios, aqui no Leouve…
Notícias e mais notícias de assaltos, assassinatos, homicídios, violência em todo e qualquer lugar…
Lembro que sempre ouvia aquela frase: " – Nunca sabemos se voltaremos pra casa!." Ou ainda aquela clichê: " – Pra morrer, basta estar vivo!"
Sempre ouvi estas frases, prestei atenção, mas imaginava que a chance de acontecer comigo, perto de mim, seria pequena. 
Hoje já não tenho mais essa certeza…
Está tudo errado.
Pessoas que fazem o bem, morrem. Pessoas que correm a vida inteira em busca de seus ideais são enganadas.
Pessoas que lutam dia-a-dia, que não "somem" de seus problemas, que se preocupam com o outro, são ignoradas.
Notícias de corrupção assolam o país diariamente, e NADA acontece.
Ainda que as operações ‘lava-jatos’ da vida consigam de certa forma realizarem a limpeza dos políticos desonestos, muita gente segue ‘brincando’ com o dinheiro público.
Pessoas invejam quem consegue algum êxito. 
Ninguém torce pra ninguém…
O mundo virou um egocentrismo e um egoísmo dentro de uma lei onde "quero o que for melhor pra mim e o resto que se exploda…"
Tudo errado.
Novelas pregam e mostram amigo traindo amigo, mortes a qualquer custo, banalizam o amor, o sentimento puro e real…
E o que acontece no cotidiano? Tudo cada vez mais perto.
Acabou o respeito pelo ser humano. 
Os interesses mudaram.
Intolerância, impaciência se sobressaem…
Onde está o amor, a compaixão, o carinho, a reciprocidade nas ações…
Onde está a corrente do bem???
A esperança de um mundo melhor vai se esvaindo quando percebo que mesmo eu fazendo a minha parte ao lado de outras milhões de pessoas do bem, nada acontece…  
Vamos deixando de acreditar na humanidade.
Tenho saudade do tempo em que um marginal com um canivete me assaltou "apenas" me ameaçando por uns trocados, onde entreguei e ele foi embora.
Hoje vejo a minha tão amada Porto Alegre entregue aos bandidos.
É na minha Zona Sul, é na Zona Norte, é no Centro, na Zona Leste, é em todo lugar…
Não tem hora.
Outro dia incendiaram dezenas de ônibus… Outra semana uma lotação, nela atiraram pessoas que voltavam de um exaustivo dia de trabalho, tudo aqui, pertinho de mim, perto de onde eu vivi e vivo, perto de você…
Tudo nos mesmos lugares onde eu andava pela madrugada dando risadas com meus amigos…
Tudo nos mesmos lugares onde todos já fomos felizes e vivíamos com um mínimo de segurança que não nos dava medo de sair de nossos lares…
De fato, não sabemos se ao sair de casa, voltaremos para nossos familiares.
Cada segundo pode ser o último, de fato.
E cada um de nós ali, com nossos sonhos e planos de uma vida melhor…

Parei pra pensar em tudo que 2016 mostrou e constatei que não evoluímos.
Pelo contrário.
Decaímos.
Sigo com minha fé, sigo buscando o  meu equilíbrio espiritual, sigo com meus valores intactos, sigo na luta pelo que julgo ser o mais correto, sigo com o amor acima de tudo em minhas ações, mas confesso, sigo tudo isso com uma tristeza muito grande no coração…

Enquanto isso vamos rezando para que no final do feriadão tenhamos o mínimo de mortes registradas nas estradas. Sim, mínimo, pois infelizmente acreditar em ZERO mortes hoje é uma utopia, graças a falta de educação no trânsito, que bem da verdade, deveria ser colocado como disciplina nas escolas a partir do ensino médio, formando pessoas com o conhecimento do que é certo e errado nas ruas, avenidas e rodovias do nosso país…

Devido a tudo isso, cada vez mais considero o mais correto buscar o conhecimento, sermos e agirmos com verdade e com a consciência que os meus direitos limitam-se até onde começam os direitos dos próximos.
 Buscar sempre a felicidade sem ‘pisar’ em ninguém. Fazer o bem, simplesmente. Amar as pessoas que nos amam. Dar o devido carinho e atenção aqueles que merecem enquanto estamos aqui, enquanto temos tempo…

Agora. Neste instante…

Enquanto isso, sigo aqui torcendo para que possamos simplesmente voltarmos pra casa no dia de hoje…

E que nossas ações sejam entorno disso: Estou fazendo da minha vida o melhor? Estou feliz com a minha vida? Fiz tudo o que eu queria? Falei a quem eu amo deste sentimento? As pessoas vão abrir um sorriso quando lembrarem de mim se eu não estiver mais por aqui?

Pensem nisso…

E se eu não voltar pra casa?
E se você não voltar pra casa?