Memória LEOUVE

Inconfiável

Inconfiável

Bem, pra começo de conversa é preciso dizer o que todo mundo sabe: políticos não são confiáveis; governos não são confiáveis; nunca deposite todos os ovos numa cesta só e sobretudo: não conte apenas com a aposentadoria da Previdência Social, porque não dá pra confiar.

 

 

Posto isto, que dizer que volta e meia me deparo com um dilema ético que em mim está resolvido há algum tempo. Já se passaram muitos anos desde que eu descobri que jornalista não precisa ser isento, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita. Não, ele pode tomar lado e o ideal é que deixe isto claro e que tome o lado por questões éticas e não monetárias.

 

Claro, quando um jornalista se empregar como assessor de imprensa, é lógico que tomará partido. Mas não quer dizer que precise assinar ficha em partido, afinal o cargo é técnico. Mas é claro, poderá ser contratado para cargo de confiança, aí muda tudo.

 

Mas eu jornalista, não me sinto obrigado a tomar partido em todas as situações. Tem casos em que definitivamente fico em dúvida. Meu voto muda de partido seguidamente. Os partidos não mudam também?

 

Vejam este caso da lei anticorrupção. Parte-se de uma proposição do Ministério Público que indicou dez medidas para ajudar a bloquear ou combater os desvios de recursos. Aí vem um deputado e agrega proposta que permite enquadrar juízes e promotores por crime de responsabilidade. Juízes dizem que a medida transforma a lei numa espécie de “pró corrupção”. A saída simples para este paradoxo é imaginar que, sendo bem aplicada, a medida é benéfica. Mas a vida real é diferente. Os mais espertos servem-se da lei para os piores propósitos.

 

Voltando aos políticos e jornalistas: para partidos e governos jornalista bom é aquele que é confiável. Neste sentido devo dizer que não sou confiável. Não tenho compromisso com esquerda ou direita. Defendo teses e programas mais à esquerda. Mas os esquerdistas dizem que sou coxinha. Azar. Devo mesmo é ser bundinha de apartamento, como diz o meu amigo Régis.

 

Mas as fontes podem confiar sem problema. Sei preservar quem pede sigilo e gosto do “off the record”, de ondem saem as melhores informações.

 

 

Não gosto do Trump e tenho dificuldade de entender quem veja nele uma boa saída. Se o Alfredo Aveline é escola municipal e a administração eleita entende que lá não deva haver ensino médio, até posso lamentar, mas compreendo ser uma daquelas tantas medidas saneadoras das finanças públicas que vivemos exigindo. Pode-se até fazer um carnaval em cima do assunto. Não houve a transparência necessária. Mas extraídos todos os confetes, serpentinas e a carga emocional que uma escola sempre despeja em quem se envolve com ela acho a medida razoável.