Memória LEOUVE

Corregedoria da Susepe vai investigar denúncias no presídio de Bento

Corregedoria da Susepe vai investigar denúncias no presídio de Bento

A delegada regional da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Marta Bitencourt, que substitui o delegado Roniewerton Pacheco, não acredita na existência de um comando paralelo no Presídio Estadual de Bento. Ela afirmou que tomou conhecimento das denúncias apenas nesta quarta-feira, dia 9, e determinou uma averiguação imediata da situação, que resultou no afastamento prévio de dois detentos dos serviços na cozinha do presídio e em uma revista na cela que eles ocupavam, onde foram encontrados dois aparelhos celulares.

 

Mesmo sem revelar quais procedimentos, ela afirmou que outras providências serão tomadas com relação aos dois detentos apontados como os líderes da suposta “prefeitura” que atuava no presídio. Eles vão responder a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

 

A delegada informou também que encaminhou as denúncias à Corregedoria da Susepe, em Porto Alegre, que terá um prazo entre 30 e 60 dias para investigar os fatos e apresentar um relatório da situação. Em paralelo, o Ministério Público segue com um inquérito sobre as denúncias.

 

“Todos os procedimentos administrativos, tanto internos quanto do órgão central, estão sendo realizados e serão realizados. Todos os supostos fatos serão amplamente averiguados, todas as denúncias serão apuradas”, afirmou a delegada.

 

De acordo com familiares de alguns detentos que estariam sofrendo com as ameaças, agressões e chantagens do grupo dominante dentro do presídio, a penitenciária estaria sendo comandada por presidiários que se autodenominam como “prefeitura”, que decidem quem pode trabalhar, a divisão de camas e a distribuição de regalias e benefícios.

 

Segundo as denúncias, haveria armas artesanais circulando livremente e um comércio de drogas e de alimentos estabelecido dentro do presídio. Quem não cumprisse as regras do bando sofria ameaças e agressões e precisava pagar para garantir alguma segurança.

 

As denúncias foram confirmadas na segunda-feira, dia 7, por um documento encaminhado por agentes penitenciários ao MP. A delegada revelou na tarde desta quarta-feira que não tomou conhecimento da existência desse documento ou mesmo das investigações do MP, e disse que não acredita em um envolvimento da administração do presídio no caso.

 

“Seriam os presos que trabalham na cozinha geral, e todas as atividades são registradas”, informou. “Eu não posso confirmar que tudo isso esteja acontecendo.”, disse ela, que não acredita na confirmação das denúncias com relação à manipulação de alimentos e comércio de drogas.

 

A delegada, que afirmou acreditar na idoneidade do administrador do presídio, avalia toda a situação como "triste e delicada" pela forma como as informações e denúncias vazaram.

 

"Foi uma situação bem triste, por esses fatos não chegarem a nós para resolver e terem chegado a esse ponto. É muito delicado, não posso falar muito sem a Corregedoria ter acesso a tudo o que estava acontecendo lá. Se houve alguma irregularidade, que seja apurada e que haja uma resposta", definiu.

 

Novo administrador

 

No final da tarde desta quarta-feira, a delegada Marta Bitencourt empossa o agente penitenciário José Luiz Ribeiro, de 45 anos, como novo administrador do Presídio Estadual de Bento Gonçalves em substituição a Evandro Simionatto, que já havia solicitado transferência.

 

De acordo com a delegada, a substituição em nada tem a ver com as denúncias.

 

“Ele já havia informado seu desejo há alguns dias, isso só não tinha sido feito porque não havia a indicação de um substituto”, garantiu ela, que revelou ter recebido na terça-feira, dia 8, a nomeação de Ribeiro.

 

Ribeiro iniciou sua carreira no sistema em 2007 e já atuou nos presídios de Lajeado, Guaporé, Montenegro, Charqueadas e na Penitenciária Regional de Caxias do Sul. O objetivo do diretor, em sua gestão, será fortalecer a segurança na casa prisional.