Memória LEOUVE

Denúncia de negligência em morte de menino com Síndrome de Down será investigada

Denúncia de negligência em morte de menino com Síndrome de Down será investigada

Uma sucessão de dificuldades no atendimento, diagnósticos imprecisos e suspeitas de negligência que envolvem a morte do menino Emanuel Ribeiro, de 13 anos, na terça-feira, dia 1º de novembro, no Hospital São Carlos, em Farroupilha, resultou em um registro de ocorrência policial e deve ser investigada internamente pelo hospital.

 

O laudo da morte do garoto, portador de Síndrome de Down, atesta uma grave pneumonia como a causa da morte, mas, de acordo com a mãe do menino, Leoni Muller, houve negligencia por parte do Hospital São Carlos no atendimento do seu filho. 

 

Segundo ela, que, muito abalada, recebeu a reportagem do Leouve em sua residência nesta sexta-feira, dia 4, disse que procurou o posto de saúde do bairro 1º de Maio na terça-feira, dia 24 de outubro, porque o filho se queixava de dores. Lá, a médica que atendeu o menino teria diagnosticado uma dor de garganta. Na quarta-feira, dia 26, o menino piorou e a mãe o levou ao hospital, onde foi diagnosticado com sinusite, medicado e liberado.

 

Sem resultado, o menino voltou ao hospital no domingo, dia 30, mas enfrentou dificuldades em ser atendido porque o hospital estava atendendo apenas casos de urgência e emergência. Depois de muita insistência, ele foi atendido e diagnosticado com pneumonia.

 

Emanuel ficou internado na UTI até a terça-feira, dia 1°, quando não resistiu e faleceu. Leoni Muller acredita que, se o menino fosse atendido ainda na quarta-feira, dia 26, quando procurou pela primeira vez o hospital, ele ainda estaria com vida. 

 

A direção do Hospital São Carlos preferiu não se manifestar, mas afirmou que já tomou conhecimento do assunto e está investigando o caso. A direção também se solidariza com a família e diz entender esse momento de dor dos familiares.  

 

Confira o relato de Leoni Muller, mãe do menino Emanuel Ribeiro:

 

"O Emanuel era um menino muito mimoso, era muito difícil ele ficar doente, mas nas últimas semanas vinha se queixando de dor. Primeiro procurei o Posto de Saúde aqui do bairro 1° de Maio, a médica diagnosticou dor de garganta. Na quarta-feira, dia 26, o Emanuel piorou, então resolvi levar ele para o hospital; lá, ele passou pela triagem feita pelas enfermeiras e depois foi para consulta com o médico. Ele perguntou para o Emanuel o que ele estava sentido e nem o examinou, só disse que o Emanuel estava com sinusite, receitou uns remédios, fez um soro e nos liberou. Porém, no domingo, o Emanuel ficou muito mal, levei ele às pressas para o hospital para ser atendido; quando cheguei lá, me disseram que não iam atender o meu filho porque eles só estavam atendendo casos de urgência e emergência. Fiquei chocada com a resposta da atendente, mas insisti com ela porque o Emanuel já estava bem gelado e realmente não estava bem. De tanto eu insistir, eles chamaram o Emanuel para ser atendido, mas a enfermeira que nos atendeu foi muito "grossa", gritou com o Emanuel para que ele ficasse sentado na hora de medir a pressão arterial, sendo que ele não aguentava a dor e queria ficar deitado. Nesse meio tempo, passou uma enfermeira pela local e viu o Emanuel sentado com dor, e, sem titubear, mandou ele deitar, pois percebeu que o Emanuel já estava em estado grave. Ele foi encaminhado direto para a UTI, foram feitos os exames e diagnosticado que meu filho estava com pneumonia. Eu não me conformo com o que aconteceu, o meu filho não merecia ter passado por isso. Porque o médico não pediu o exame ainda na quarta? Porque ele não examinou o meu filho de forma correta? Porque demorar tanto para ser atendido? Eu quero justiça, quero que o médico diga porque ele não fez um Raio X ainda na quarta-feira. Eu quero que ninguém mais tenha que passar o que eu passei nos últimos dias, já registrei um boletim de ocorrência e eu quero justiça".