Memória LEOUVE

Um claro recado das urnas

Um claro recado das urnas

Passadas as eleições, todo mundo pode ver que o brasileiro mandou vários recados a quem interessar possa nessas eleições municipais, mas talvez o mais claro desses recados é que ele está de saco cheio, e disse que não aguenta mais.

 

Analisando o resultado geral das eleições em todo o país, parece claro que o eleitor disse que não suporta mais essa forma de fazer política no país, a hipocrisia, a mentira, a corrupção que sempre vem a reboque da disputa pelo poder.

 

A saúde que não salva ninguém, a educação que não ensina, a segurança que não protege. É preciso mesmo dizer não.

 

Pra mim, o que fica claro dessa eleição é que o brasileiro preferiu não escolher, não comparecer. Não compactuar.

 

Em muitas cidades, e principalmente nas capitais como em São Paulo e em Porto Alegre, o número de eleitores que não compareceram às urnas somados ao número de votos nulos e brancos é muito maior que o número de votos dados ao candidato que venceu as eleições, e que será o governante a partir de janeiro de 2017.

 

Ele se acha o vencedor, mas o eleitor disse que ele é apenas o menos pior.

 

O resultado disso é muito mais do que a simples e carcomida luta entre esquerda que perdeu e direita que ganhou. O eleitor, que geralmente não entende o que é ser de um lado ou do outro e nem se interessa por isso, preferiu depositar esperança em propostas viáveis para a solução prática dos problemas que ele vive na cidade.

 

A proposta de melhor gerir recursos públicos para prestar mais serviços, a promessa de acabar com o malfadado loteamento de cargos em troca de votos, o compromisso de ouvir a potente voz do eleitorado durante o seu mandato.

 

A verdade é que o eleitor de hoje tem canais para receber, analisar e discutir o que é dito pra ele. Prefeitos são eleitos para administrar, e é exatamente isso o que o eleitor quer que ele faça.

 

Por isso, os novos prefeitos devem se preparar para responder aos imensos desafios dos novos tempos.

 

Por isso, é evidente que as reformas econômicas são indiscutivelmente urgentes, mas para o Brasil entrar de fato no rumo certo, a reforma política precisa de uma vez por todas, ser incluída na pauta.

 

Já não é mais possível conviver com esse número absurdo de partidos que não representam nada nem ninguém, e não dá mais pra ter uma eleição a cada dois anos, num sistema que aprisiona o país enquanto as forças políticas estão sempre voltadas para os arranjos e os interesses nem sempre benfazejos das disputas eleitorais.