Memória LEOUVE

Briga de cachorro grande

Briga de cachorro grande

Reparem que sempre que uma briga se prenuncia, dois contendores de pesos diferentes se encaram e estão na eminência de trocar sopapos, logo quem está assistindo acaba se perfilando para torcer para aquele que aparentemente é o mais fraco, o menor.

 

 

Não estudei o porquê disto, mas acho que está ligado a algo antropológico, simpatia e até porque a gente se põe no lugar do mais fraco. Penso que em muitos pleitos eleitorais isto acontece. Vejam o caso de Daniel Guerra, sozinho com seu partido, o PRB, é apontado em pesquisa publicada no Correio do Povo como franco favorito. Seu oponente, Edson Néspolo representa o poder e está alinhado com 20 partidos. Vinha bem no primeiro turno, quando os votos foram divididos entre seis candidatos. Quando o páreo foi um contra um, quando o tempo de campanha nos meios de comunicação ficou equilibrado e Guerra pode atuar como um franco atirador, o eleitorado foi com ele. É a lei de apostar no menor só pra ver no que vai dar.

 

Mas tem também as brigas de cachorro grande. Olha, não sou fã, como a maioria dos brasileiros não é, de Renan Calheiros. Na comparação dele com Eduardo Cunha entretanto, Renan passa a ser um editor. É calmo, foge da resposta, mas não costuma enfrentar com olhar de desafio aos repórteres, coisa que Cunha fazia com maestria para nosso repúdio.

 

Pois, como a maioria dos brasileiros, torço pela lava-jato; torço contra a corrupção e contra a desfaçatez dos políticos. Tampouco posso aceitar como normal os impropérios que Renan desfere contra um “juizeco”. Mas sei lá. Ver alguém desafiando o inatingível e nem sempre ilibado judiciário me dá ganas. Já fico pensando se tem bandeirinha pra sentar na arquibancada e torcer.

Nesta briga do Senado com o Judiciário não tem lado fraco. Quero mais é ver os dois sangrando. Afinal eu sei que no fim vamos todos pagar a conta mesmo.