Memória LEOUVE

A segurança por demanda

A segurança por demanda

Estamos a dois meses do fim do ano e, ao que tudo indica, 2016 vai quebrar todos os recordes de criminalidade no estado. Um tiroteio entre a polícia e os bandidos por dia, um assalto a cada 10 minutos, uma bala perdida, uma vida encerrada por nada.

 

 

Todo dia e toda a hora, essa realidade está cada vez mais perto de nós. Onde quer que nós estejamos. Essa é a síntese da impotência de uma sociedade que se vê diante da tragédia da falta de segurança. E mesmo que essa não seja a regra na maioria das cidades gaúchas, o aumento da violência é a realidade das maiores cidades e das cidades localizadas nas regiões mais ricas, na região metropolitana de Porto Alegre e na Serra Gaúcha.

 

 

Os policiais sumiram das ruas. Recorremos à Força Nacional como uma panaceia salvadora que não nos salvou, e o estado acena agora com a ampliação da operação Avante, que avança, mas ainda assim segue atrás da bandidagem. Mas não podemos acreditar que os problemas da segurança serão resolvidos apenas com um novo contingente militar, com um eventual gabinete de crise ou com a troca de comando.

 

 

A verdade é que a não contratação de dois mil concursados da Brigada Militar, a redução dos efetivos, a ausência de estímulo à permanência dos brigadianos na corporação, o corte no pagamento das horas extras, a supressão do policiamento comunitário e a falta de ações conjuntas entrosando os esforços da Brigada e da Polícia Civil é que cobram esse preço da sociedade.

 

 

E não adianta achar que isso não nos atinge, que é coisa ligada ao mundo das drogas, porque os efeitos da diminuição do policiamento nas ruas, do fechamento dos plantões das delegacias, dos cortes das diárias e da redução do consumo de combustíveis nas viaturas policiais afetam a todos nós.

 

 

É preciso dar um basta a esta situação e cobrar de um governo que vai completar dois anos o fim de uma realidade já virou o fio há muito tempo e a adoção de um mecanismo permanente de incremento das ações de segurança, em vez de responder aos trambolhões a cada assassinato, a cada demanda do dia-a-dia, um governo que insiste em seguir enxugando o gelo da obscenidade da insegurança que aprisiona o cidadão e deixa o futuro à mercê da sorte.

 

 

 

Enquanto seguimos no meio do tiroteio, nós, os desamparados, que seguimos com impostos a pagar, mas que continuamos, dia após dia, pagando o alto preço do medo.