Depois de aprovar a PEC 241, que limita os gastos públicos por 20 anos, será preciso aprovar a reforma da previdência com urgência, porque sem ela qualquer tentativa de barrar os gastos do governo será sem efeito.
O problema é que essa limitação, e a intenção declarada do governo em cobrar mais de quem menos pode, impõe uma realidade cruel, porque a população vai continuar crescendo, e as demandas por saúde, educação, previdência e outros bens e serviços públicos também vão, mas o governo, com o gasto engessado, não poderá aumentar uma despesa a menos que compense com a redução de outra, sem contar que o pagamento de juros e dos serviços da dívida não estão sujeitos ao teto de gastos.
É como disse o deputado aquele: quem não tem dinheiro, não vai pra faculdade. O problema é que essa pode ser a regra: quem não tem dinheiro, não vai pro hospital.
A verdade é que a PEC 241 é uma espécie de gatilho que vai forçar a reforma da previdência. Porque, sem o congelamento das contas públicas, onde o governo poderia ampliar seus gastos, seja através do aumento da receita ou com déficits públicos, a possibilidade de reforma da previdência com corte de direitos seria muito baixa.
Com o congelamento, a reforma se impõe, inclusive por pressão da sociedade.
A proposta que começará a ser discutida na semana que vem prevê um regime único com idade mínima de aposentadoria de 65 anos para todos, independente do tempo de contribuição.
O presidente Michel Temer, os ministros Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, por exemplo, defendem a aposentadoria aos 65 anos no mínimo.
Sem problemas. Temer se aposentou aos 55 anos, recebe R$ 30 mil ao mês como procurador inativo e R$ 27 mil como presidente. Padilha se aposentou aos 53 como deputado, ganha R$ 19 mil mais o salário de ministro. Geddel está aposentado desde os 51 anos, recebe R$ 20 mil e R$ 30 mil brutos como ministro.
Pra eles, não tem limite de gastos, não tem regra de transição. É a tal meritocracia. Você sabe quem vai pagar essa conta, não é?
Afinal, não custa lembrar o que disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: só vagabundo se aposenta aos 50.