Sinceramente, não é de estranhar que o nobre Presidente do Senado, o megacitado na Lava-jato Renan Calheiros, tenha desengavetado o famigerado projeto de 2009 que trata dos abusos de autoridade.
Já falei aqui que é preciso sim coibir os eventuais abusos dos membros do Ministério Público, dos juízes, das polícias e até da mídia em casos em que muitas vezes, os pré-julgamentos são definitivos e todo mundo é culpado até que se prove o contrário.
Mas o que espanta mesmo é a cara-de-pau do senhor presidente em tirar da gaveta esse monstrengo logo agora, em que ele próprio e outra dúzia de seus comparsas estão na mira da Lava-jato.
E essa cara-de-pau é tão grande que ninguém sequer fica vermelho de colocar na relatoria do projeto redivivo ninguém menos que o senador Romero Jucá, outro megainvestigado por corrupção e autor da célebre frase onde confessou que o impeachment de Dilma Rousseff era fundamental pra estancar a sangria da Lava-jato.
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Depois disso, fica difícil convencer qualquer um de que a ideia é que esse projeto agora não seja uma forma de sepultar a Lava-jato, desfigurando a delação premiada e até as prisões para averiguações.
Como pra bom entendedor um i e um risco quer dizer Francisco, e para quem sabe ler não é preciso pingar o i nem cortar o t, parece evidente que o interesse disso tudo é proteger os renans e romeros envolvidos até o pescoço com a corrupção nesse país de botocudos.
E pra não deixar dúvida de que essa trama está sendo urdida no coração do temerário governo desta república de bananas, a gente abre a semana com a informação de que ninguém menos que o próprio Renan Calheiros é o cotado para ser o Ministro da Justiça a partir do ano que vem.
Como dizia o último presidente tucano a governar esta imensa Nação, assim não pode, assim não dá.
