Memória LEOUVE

Nada será como está

Nada será como está

Tem certas situações que o homem e a mulher madura aprendem a lidar melhor exatamente pela repetição. Sabem que certas coisas acontecem por mais que se tente evitar. Uma gripe de verão, uma dor de garanta no inverno. A gente se cuida ao máximo, mas ao menor descuido lá vem ela, oportunista e devastadora.

 

As decepções também se enquadram aí. A gente não quer, mas elas são inevitáveis e nem por isto menos doloridas. O amigo de hoje é o indiferente de amanhã e vice versa. Pior quando o amigo se torna inimigo.

 

Faço a introdução pra dizer que chegamos ao final de uma semana que foi de alegria para muita gente e de tristeza para outros. A maioria vence uma eleição, por isso é natural que existam mais pessoas contentes do que decepcionadas.  Mas o vitorioso de hoje sabe que a pressão e as dissidências são naturais. Portanto limitar danos pode ser providência a ser adotada desde logo.

 

Até quando duram as alianças de quem se elegeu/elegerá com amplo apoio de partidos? Temos isto em Bento e Caxias. Em Porto Alegre a negociação é ampla, mas há partidos como o PSOL e o PT que preferem ficar à margem. Estão certos, nada teriam a contribuir com plataformas de governo tão dessemelhantes às suas. São de esquerda e defendem teses diametralmente opostas às que defendem. Luciana Genro chegou a dizer que não há menos pior entre Sebastião Mello e Nelson Marchezan. De fato, observando-se pelo seu viés, nada mais verdadeiro.

 

A esquerda, de uma maneira geral, foi convidada pelo povo a voltar várias casas atrás neste jogo de tabuleiro que é a política nacional. Precisa voltar a fazer oposição, mas também precisará encontrar um novo foco para o seu discurso. Aquele da ética está sepultado – infelizmente para todos nós. Será que a direita vai ser mais ética e respeitadora do que foi antes de ceder espaço á esquerda?

 

Vários embates ideológicos estão em curso no Brasil de hoje. A reforma na previdência, o congelamento de gastos limitados à o percentual da inflação; a questão da exploração do pré sal sem que a Petrobrás esteja obrigada a participar de toda a extração. Há perdas e ganhos nestas medidas. O problema é que o novo modelo pode privilegiar apenas os donos do dinheiro.

 

 

Definitivamente são novos tempos estes de pós impeachment. Enfim, é isto que a experiência nos ensina: nada será como antes amanhã.