Há uma lição, se não várias, a ser extraída da sessão na Câmara de Vereadores que referendou duas sessões semanais do Legislativo em Bento Gonçalves na última quarta-feira: Não se pode subestimar obstinados.
O povo gosta de ideia de duas sessões semanais. Mas não por bons motivos. Pouco se liga naquilo que lá é discutido e disto não dá para discordar. Raramente as sessões têm projetos interessantes ou os debates são altruístas. Na maioria das vezes é uma luta de vaidades ou então a tribuna utilizada para fazer propaganda de ações do poder executivo.
Mas quem se atreveria a votar contra a instituição da segunda sessão semanal às vésperas da eleição? A mesma proposição já fora votada quatro vezes e saiu derrotada. Por isso se pode falar em obstinação do autor do projeto. O povo quer ver os vereadores precisando comparecer ao trabalho mais vezes. Nem que isto custe mais aos cofres públicos.
Agora convenhamos, é difícil medir quanto vale a democracia. Ter sessão à tarde quando os trabalhadores não podem comparecer ou à noite quando podem e mesmo assim acabam não comparecendo a não ser em sessões de extremo interesse? O debate político é importante. Amadurece as questões da sociedade. Mas a maioria das sessões é aborrecida.
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Soube que um dia após a aceitação por unanimidade da segunda sessão, havia uma espécie de ressaca por parte dos vereadores. Eles lembravam da noite anterior e, como tontos, se arrependiam do que fizeram. Coisas da vida. Se nos deixamos levar, somos obrigados a aceitar o pacote que nos é empurrado. É assim que 16 vereadores irão à Câmara duas vezes por semana, meio sem saber porque, sem saber para quê. Mas não esqueçamos que em uma semana tem eleição e alguns deles só precisarão seguir este rito até dezembro próximo. E no próximo domingo os eleitores terão condições de votar em representantes comprometidos com boas ideias e boas causas a defender, inclusive reconduzindo para mais um mandato parte dos que lá já estão.
Calma, não é para tanto. Há mais nuances nesta aprovação do que se possa perceber à primeira olhadela. Se o ditado diz que há males que vêm para o bem, neste caso é de se esperar que o bem venha para o bem: mais tempo para legislar, mais tempo para debater e expor ideias. Vamos torcer por um círculo virtuoso. Afinal, a cidade cresceu e há muitos aspectos a serem melhorados.
