Memória LEOUVE

A queda de Cunha e a última mordida

A queda de Cunha e a última mordida

A votação do processo de cassação do crocodilo Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal, que está marcada pra hoje, pode finalmente ligar o ventilador e começar a espalhar a sujeira escondida há décadas e décadas debaixo dos tapetes da política tupiniquim.

 

É que vários deputados do chamado “centrão”, aquela máfia de partidos que dava sustentação ao crocodilo, já ameaçam traí-lo.

 

E já que a perda do mandato pode encurtar o caminho da lagoa pra cadeia, o medo é que ele, que já avisou que não cai sozinho, possa realmente cumprir a mordida.

 

Afinal, Cunha é famoso por ter um temperamento vingativo e por guardar segredos de vários comparsas, inclusive o do agora temerário presidente Temer.

 

Mas, mesmo que a queda cause tremores no Planalto e na base aliada, o crocodilo deve mesmo virar bolsa de marcelas.

 

É que a votação vai ser aberta, e os deputados têm medo de que a ausência ou o voto favorável a Cunha prejudique o resultado das eleições de outubro. E, vamos combinar, não tem coisa mais importante pra eles que uma eleição no quintal de casa, né mesmo?

 

Mas Cunha ainda não jogou a toalha e segue fazendo ameaças aos “traidores”. Na semana passada, uma revista publicou que ele até já teria acertado a sua “delação premiada” aos promotores da Lava-jato.

 

Ao mesmo tempo, ele tenta melar a sessão na Câmara. Hoje, o esforço vai ser pra esvaziar a votação. Afinal ausências e abstenções contam como votos favoráveis a ele. E, convenhamos que, conhecendo o histórico dos nobres deputados, esvaziar uma sessão em plena segunda-feira não seria assim tão estranho.

 

Mas, caso nada disso dê certo, ele ainda tem uma última mordida, que é aprovar uma pena mais branda, a da suspensão do mandato por seis meses. E depois ele volta como se nada tivesse acontecido.

 

É difícil que cole, já que a comissão de ética afinal apresentou um parecer favorável à cassação. Mas, mesmo assim, não se pode descartar mais essa mordida.

 

 

Afinal, não é de hoje que a gente sabe que compostura e decoro não são exatamente o forte do nosso Congresso.