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Ameaça nas redes sociais é o crime mais cometido em Caxias

Ameaça nas redes sociais é o crime mais cometido em Caxias

Diariamente chegam na delegacia vários casos de denúncias envolvendo ameaças pela internet. Facebook e WhatsApp lideram como as redes sociais mais utilizadas para causar constrangimentos e perturbação do sossego alheio.

 

Os casos de ameaças vão desde de briga de ex-casais até a assédio moral ou sexual. Em um dos casos a ex-mulher utiliza o Facebook para tentar desmoralizar o ex-companheiro com o objetivo de reunir provas para evitar que ele continue obtendo a guarda compartilhada dos filhos.

 

Para evitar qualquer tipo de represálias, os nomes das pessoas pesquisadas pela reportagem do Portal Leouve, serão trocados.

 

André, 28 anos, morador do bairro Bela Vista aceitou conversar com a reportagem. Ele lamentou o fato de seu casamento de seis anos ter acabado de uma forma litigiosa e entende que sua ex está tentando provocar situações embaraçosas para evitar que ele veja o filho de quatro anos.

 

“No início ela me chantageava. Queria que eu abrisse mão de ficar com o meu filho, e eu não aceitei. Desde então ela sempre me manda mensagens no públicas, dizendo que vivo de rolos e que até no trabalho eu pratico furtos”, conta.

 

Para André o trauma causado pelas ofensas não mancha apenas o perfil da pessoa na internet. “O nosso moral fica abalado. É uma coisa desnecessária e que sai do mundo virtual. Hoje as duas coisas estão cada vez mais ligadas”, ressalta.

 

Em um outro caso Raquel, de 20 anos, do bairro Desvio Rizzo está sendo ameaçada pela ex-namorada de sua atual companheira. “Estamos apavoradas. A menina está louca, manda ameaças pelo Whats, dizendo que vai nos pegar. Não saímos mais nas ruas de medo”, conta.

 

Já no bairro São Leopoldo, uma mulher de 28 anos enfrenta o mesmo problema. Após o término de um namoro de quase um ano, o ex-namorado vem atormentando a vida de Roseli, que não entende como acontece esse tipo de reação por parte do ex. “É difícil entender como uma pessoa não aceita o fim de um relacionamento. Eu estou com medo. Estudo a noite e pelas mensagens que ele manda pelo Whats, fica claro de que é alguém que pode fazer alguma coisa”, relata.

 

Ainda de acordo com a vítima, o ex já ultrapassou a barreira da internet, uma vez que sabe onde ela mora. “Ele já esteve aqui na minha casa. Jogou pedras de madrugada, chamei a Brigada Militar, ele saiu, mas depois mandou mensagens de voz fazendo mais ameaças. Está tudo arquivado para ser usado como prova”.

 

O que diz a polícia?

 

Conforme Vitor Carnaúba, delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia da cidade, o caso envolvendo ameaças via redes sociais é

de longe a ocorrência que mais acontece em Caxias. “A gente percebe que o número de ameaças aumentou muito, ainda mais depois do fenômeno das redes sociais”, revela

 

Cerca de cinco a dez registros de ameaças são feitos por dia na delegacia, mas o lado bom, segundo o delegado, grande parte das ameaças não dão em nada. “A maioria das ocorrências não se confirmam, ficam só na ameaça mesmo”.

 

De acordo com o delegado, o fato de não se ter uma legislação específica sobre o tema e a facilidade com o que uma pessoa tem acesso a internet para fazer um perfil fake ou um comprar chip de telefone, dificulta ainda mais o trabalho de identificação do autor da ameaças. “Se a autoria o procedimento é mais rápido para encaminhar ao fórum, caso contrário o caminho é mais demorado pois requer quebra de sigilo e autorização judicial”, conta.

 

Muitas vezes a fragilidade dos registros que chegam na delegacia impedem uma identificação mais detalhada de quem está praticando. A pena de quem comete esse time de crime é considerada branda, pois chega a penas sociais ou participação pecuniária.