Memória LEOUVE

Uma boa mensagem precisa encontrar um bom ouvinte

Uma boa mensagem precisa encontrar um bom ouvinte

Nós que trabalhamos em rádio gostamos de colocar as palavras certas no lugar certo. Isto obviamente requer ideias claras, conceitos definidos, certa calma na construção das frases. Todo o esmero para que a comunicação seja perfeita. De pouco adianta, porém, encarreirar palavras bonitas se o conteúdo não for bom, a mensagem não tiver valor.
O mesmo vale para a palavra escrita, mas aí tem um complicador a mais. É bem difícil ser irônico por escrito. Não existem cifras musicais indicando o humor com que se quer que a mensagem seja recebida. Enquanto articulista de jornal me frustrei inúmeras vezes porque vi que o leitor não entendeu a piada – bem, tem gente que nem desenhando vai entender, não é mesmo? Este sempre foi o meu consolo

 

O certo é que há muitas mensagens positivas a disseminar, mas tem gente que prefere uma bomba ou uma metralhadora a disparar em inocentes. Acham que com isto estarão passando alguma mensagem. Se explodem e vão para os ares sem que se consiga uma clara noção do que queriam dizer. Espalham dor e tristeza.

 

Aí vemos uma primeira dama como a Michele Obama ser plagiada em seu discurso de oito anos atrás. Pelo menos a esposa do Trump teve bom gosto – na verdade os assessores que escreveram o discurso por ela lido – plagiaram quem tem conteúdo, humanidade e sabe colocar as coisas em perspectiva.

 

Agora esta semana novamente. Michele lembrou que suas filhas brincam no pátio de uma casa que foi construída por escravos. Daria para imaginar? E que com a indicação de Hillary Clinton como candidata, num futuro próximo todos pensarão que eleger uma mulher para presidente será algo natural – sem piada ou dupla intenção, aqui no Brasil já atingimos este estágio. A candidata terá como páreo, e páreo duro um milionário que pretende erguer muros e aumentar a divisão social. Caberá aos americanos decidirem que futuro querem para seus filhos. Liberdade e igualdade ampliadas ou muitos passos atrás, voltando ao apartheited social.

 

Aqui é que volto à minha frustração original: de que vale ter noções claras e boas ideias expostas se quem escuta, se quem vota, tem uma mente turvada pela ignorância e preconceito? educação neles, já diziam os sábios educadores.