Jairo Jorge, prefeito de Canoas: 'governante é empregado e não patrão do povo'

Em seu segundo mandato como prefeito de Canoas, o jornalista Jairo Jorge é um dos prefeitos com o maior índice de aprovação no estado do Rio Grande do Sul. Aos 53 anos, prestes a concluir oito anos à frente da cidade onde nasceu, em pesquisas recentes chegou a mais de 70% de aprovação da população local. Jorge diz que "está prefeito" e que ao término de 2016 pretende retomar a carreira jornalística. O comandante do município de maior população da Região Metropolitana, com exceção da capital, lamenta o fato de não ter conseguido ter feito mais em relação ao saneamento básico e credita o sucesso de sua gestão à proximidade com a população. A preocupação com a segurança ainda é a maior preocupação do mandatário municipal, que comemora o fato de ter incorporado mais 40 guardas-municipais armados nas ruas para o auxílio às polícias civil e Militar. Jairo Jorge considera que qualquer governante precisa ter a consciência que ele, governante, "não é patrão, mas sim empregado do povo". O prefeito, que se despede temporariamente da política, clama por mais participação do povo nas decisões e questões da cidade. Para ele, o envolvimento das pessoas na administração do município é ponto fundamental. Acompanhe a entrevista:

FABIANO – Prefeito, o senhor está no final de um segundo mandato e com uma aprovação muito grande o índice é de mais de 70%. A que fatores o senhor atribui a isso prefeito?

PREFEITO JAIRO JORGE – Para mim é uma honra ser prefeito de todos os canoenses, eu sou o primeiro prefeito nascindo na cidade, eu amo a cidade de Canoas, É a cidade onde nasci, é a cidade que está no meu coração e durante. E durante esses sete anos e meio eu procurei trabalhar com muita determinação, com muito afinco, sempre com humildade também, porque eu acho que a humildade é fundamental na esfera publica e procurei de todas as formas ouvir o cidadão, ouvir a população. O governante ele tem que ter humildade para ouvir as pessoas, as criticas, as sugestões, as revindicações. Acho que uma das formas que foram determinantes no nosso governo foi a participação popular. O Prefeitura na Rua, todos os sábados, vejo que 300 sábados. O Prefeito na Estação, que eu faço nas quintas-feiras pela madrugada, atendendo a população, trazendo demandas públicas. Acho que são essas as ferramentas, são esses instrumentos que nos ajudaram a nos conectar ao sentimento na população. E mesmo Fabiano, claro, que a gente procurando fazer o melhor, nós sabemos que a muito a ser feito. Eu tenho humildade também em dizer a todas as pessoas no nos acompanham, que apesar de nós termos trabalhado muito, ainda há muito a ser feito em todas as áreas. Eu acho que este é o caminho para estar mais próximo da população e fazer a diferença, como nós vamos ver resultados a população quer melhorias, nós temos ai mais de 700 obras, estamos chegando a 740 já expedidas, desde que eu assumi a prefeitura, e eu acho que é isso que a população deseja. Eu recebo com muita humildade a aprovação popular e vou me esforçar Fabiano para até o último dia do meu governo, até 31 de dezembro deste ano, vou trabalhar até o último minuto para fazer o melhor. 

FABIANO – Agora prefeito, é claro que independetemente da aprovação do bom trabalho que é realizado, alguns problemas eles se intensificam e até não é algo exclusivo de Canoas, mas do país inteiro, infelizmente, por exemplo eu cito a segurança. O senhor recentemento promoveu a entrada de vários guardas municipais e também agora armados. Essa é a principal preocupação é a questão da segurança, tem também a saúde, tem a questão do saneamento básico. Mas a segurança é a pedra no sapato não só do seu governo, mas tu imagina de uma segurança de um modo geral, se a gente observar hoje as prefeituras de todo o Estado?

PREFEITO JAIRO JORGE – Fabiano eu acho que na cabeça dos gaúchos hoje está a preocupação com a segurança, a gente vê no noticiário, vê nas machetes no rádio, nas notícias na televisão, nos jornais, o crescimento da violência nesses últimos dois anos. Algo  preocupante, nós hoje estamos aqui numa ilha, a cidade de Canoas, estamos numa Região Metropolitana, ao lado aqui de Porto Alegre, e, portanto, nós também vivemos o impacto que está acontecendo na Capital. A capital cresceu, um número bastante assustador, no numero de homicídios, roubos e furtos de veículos, é claro que isso acaba também refletindo em Canoas, apesar de nos termos trabalhado, reduzido os índices, nós temos um crescimento, mas ele é menor do que nas outras cidades da Região Metropolitana. Nós, ao invés de botar a culpa no governador, no presidente, na presidenta, o que que nós fizemos, a gente procurou trabalhar junto. Trabalhar com o governador, mesmo quando era a governadora Yeda, eu dei a mão, nos abraçamos, nos aliamos, para fazer o melhor. Depois o governador Tarso Genro, também nos abraçamos e nos aliamos, fizemos oque precisava ser feito e agora com o governador Sartori. Veja que também a governadora Yeda quanto o governador Sartori tínhamos partidos diferentes do meu, são da relação de ocupação, mas eu acho que prefeito e governador não tem oposição, nós trabalhamos para o bem da população. Eu sou prefeito de todos os canoenses e o governador é de todos os gaúchos. Então nós temos que ter uma relação de respeito de diálogo, é o que nós estamos fazendo, ao invés de ficar reclamando do governo, nós estamos procurando ajudar. E aqui, quando eu assumi a prefeitura nó não tínhamos nenhuma câmera, hoje nós temos 186 e vamos crescer até o final do ano, vamos passar 200 câmeras de monitoramento. Esta central de monitoramento ela é muito importante porque é uma espécie de um centro nervoso de tudo que acontece na cidade esta sendo monitorado ali. Temos agora os 40 novos guardas, que foram treinados, capacitados, preparados e vejo que eles já passarão a utilizar armas, estão até na parte final, a policia federal está concluindo a formação e vai nos permitir o uso de armas de fogo. Além destes 40 novos teremos mais 30 agentes que já estavam e também estarão capacitados para treinar. Então teremos ai efetivos de 70; 80 homens e mulheres da guarda municipal que se somam ao efetivo da brigada militar e efetivo da policia civil, isso vai ajudar na segurança. Eu acredito que este é o caminho a grande preocupação, mas é claro também na saúde nós temos que ampliar os especialistas, as cirurgias, os exames, nós estamos trabalhando para isso e vamos procurar até o final de dezembro ainda tem muita coisa para realizar. Eu sou o prefeito, meu mandato é até o final deste ano e eu vou procurar dentro ainda da minha gestão  procurar enfrentar estes problemas e cooperar com o governo estadual, com o governo federal, para melhorar tanto a saúde, como melhorar também a segurança em Canoas.

FABIANO – Prefeito, já vão ser quase oito anos comandando a cidade de Canoas, tu já parou para pensar o que vai fazer quando acalmar tudo isso, quando parar?

PREFEITO JAIRO JORGE – Olha Fabiano, eu estou prefeito e sou jornalista é a minha profissão é a profissão que eu escolhi, tenho muito orgulho de ser jornalista como tu. Tu é também jornalista, meu colega e é minha profissão. Eu estou prefeito, mas a ocupação politica não é uma profissão é uma função pública. Talvez um dos grandes problemas do nosso País seja que as pessoas transformam a política em carreiras, num emprego e não é isso, a política é uma missão, nós temos que ter uma missão, nós temos que ter vocação, mas é uma missão, a população nos elege e nos da uma missão para fazer isso, mas nós temos que ter a nossa profissão. Então eu encerrada a minha missão em 31 de dezembro, a partir de janeiro volto a minha profissão, para que eu possa exerce-la e vou procurar exerce-la sempre com honradez, com a seriedade que eu procurei exercer desde o início. É a profissão que eu escolhi, eu já trabalhei em vários veículos, procurei sempre fazer desta profissão como também da busca pela verdade, a busca do esclarecimento da opinião publica. Então eu volto a minha profissão que eu acho que é uma exemplo que todos nos gestores que estão na politica tem que dar da humildade, voltar a sua atividade. Eu nunca me esqueço quando o então prefeito Olívio Dutra deixou a prefeitura de Porto Alegre e ele a sua profissão. Ele era bancário e voltou a trabalhar lá na sua agencia lá do Banrisul. Eu sou do jornalismo, vou voltar a profissão, acho que é um exemplo importante que nós temos que dar.