Memória LEOUVE

Somos do bem/somos segregacionistas

Somos do bem/somos segregacionistas

Todos nós temos momentos de irresignação em que não seguramos uma reação de indignação que muitas vezes foge ao razoável. Cada um sabe o que lhe provoca mais ou menos contrariedade e muitas vezes o motivo desta contrariedade pode parecer banal aos olhos de outros.

 

Outro dia um amigo relatou sua inconformidade com cachorros – melhor dito – com donos de cachorros que fazem suas necessidades em terrenos alheios ou nas calçadas. Eu concordo com ele. Isto me deixa muito brabo.

 

Mas tem um bordão sendo repetido em redes sociais e em discursos que me dá arrepios. Um grupo se dizendo “gente do bem”. Ora, quando nos dizemos gente do bem no sentido que vem sendo dito, isto quer dizer que quem não comunga com certas ideias ou cartilhas e procedimentos deste mesmo grupo não é visto como gente do bem. Não sendo do bem, por exclusão, é gente do mal.

 

 

Olha, isto cheira muito mal e pode pegar gente distraída repetindo a frase. É um conceito que lembra em cheio o de eugenia, aquele conceito propagado pelos nazistas e que visava a melhoria da raça humana, tornando-a mais pura. A eugenia prevê o emprego da ciência e da genética. Neste caso, do slogan que fala dos “de bem” é mais uma questão de comportamento e de segregação.

 

Gostaria de acreditar que foi sem querer. Mas não acredito. Aqui não há nenhuma inadvertência. Este slogan é proposital. É preconceituoso. É segregacionista. È, como a eugenia, antiético.

 

 

Se ser do bem significa dizer que quem torce por outro time é do mal, então me perdoem. Não quero estar do lado desta gente do bem. Por favor, reconsiderem este bordão.