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Prefeito de Gramado é processado por dispensar licitação

Prefeito de Gramado é processado por dispensar licitação

O prefeito de Gramado, Nestor Tissot, vai responder a um processo criminal por dispensar a licitação e contratar diretamente uma empresa para adquirir o imóvel que abrigava o Centro Comercial Vila Olímpica e transformá-lo em um centro de saúde de Várzea Grande. A denúncia foi aceita nesta quinta-feira, dia 21, pelos desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

 

Além do prefeito, também serão processados o ex-secretário de Planejamento, Ivo Roque Tomazeli, o engenheiro Neuri Elias Donin, os empresários Clairton Tissot, Gentil Tissot e o Secretário de Saúde Jeferson Willian Moschen.

 

Em seu voto, o relator do processo, Desembargador Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, afirma que a denúncia descreve crime em tese com todas as suas circunstâncias e, portanto, não se pode falar em absolvição sumária, como pretende a defesa. Para ele, os elementos trazidos pelos denunciados não são bastantes para demonstrar a inocorrência dos delitos.

 

De acordo com a denúncia, Tomazelli e o prefeito contrataram a empresa de Neuri Elias Donin para a elaboração de laudos de avaliações de imóveis, em especial, o que embasou a autorização para a aquisição do centro comercial. A maioria das salas do local pertence a Clarindo Tissot e Gentil Tissot, parentes do prefeito e sócios da empresa Famti Representações e Comércio

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"De fato, a avaliação encomendada por Nestor serviu para conferir legalidade à negociação que transformaria o imóvel de sua família em unidade de saúde. Entretanto, o documento não possuía validade legal para balizar a compra, pois apresentava diversas irregularidades, não constituindo efetivamente laudo de avaliação, imprescindível para garantir a lisura do ato", afirma a decisão que acatou a denúncia.

 

Tomazeli é acusado de tentar ocultar o favorecimento à empresa do denunciado juntando orçamentos de mais dois profissionais ao pedido de contratação. O valor apresentado pela empresa de Neuri era inferior aos demais, mas dois meses depois da contratação sofreu um aditivo de 22,11%.

 

De janeiro a março de 2013 os três envolvidos teriam tentado desviar R$ 5,5 milhões na compra superfaturada por dispensa de licitação do centro comercial. Para adaptar o prédio para servir como unidade de saúde, seriam gastos mais R$ 803.216.

 

Defesa nega irregularidades

 

A defesa de Nestor Tissot alega que os fatos narrados não constituem infração penal e afirma que a denúncia é baseada em suposições. E diz também que não houve pagamento para elaboração de laudo de avaliação do prédio. Afirma ainda não ter se concretizado a ameaça ao erário municipal, pois inexiste tentativa de prática crime.

 

Quanto aos réus ligados à Famti, a defesa argumenta que os sócios apenas apresentaram uma proposta de venda de suas unidades, cabendo ao município aceitar ou não. E que não foi efetivada a negociação.

 

O secretário de Saúde de Gramado, Jeferson Willian Moschen, acusado de tentar persuadir os integrantes do Conselho Municipal de Saúde a autorizar a aquisição do prédio, se defende dizendo que é absurda essa interpretação.

 

A defesa de Tomazelli diz que o ex-secretário não interferiu na elaboração do laudo de avaliação do imóvel e que também não participou da redação do contrato de prestação de serviços para o Município. E, quanto à contratação do engenheiro Neuri Donin, diz que para despesas de pequeno valor a Administração pode desobrigar-se das formalidades de ratificação do ato de dispensa pela autoridade superior e de sua publicação na imprensa oficial.

 

Esse é o mesmo argumento do engenheiro Neuri Donin. Ele alega que nesta situação é evidente a legalidade de dispensa de licitação. E que o valor apontado no laudo elaborado por ele levou em conta o preço de mercado do bem avaliado, não havendo indício de superfaturamento.