Os 50% de Temer

 Quando eu vi o Jornal Nacional dedicar o nobre sábado à noite pra dizer que uma pesquisa do Datafolha mostrava que mais de 50% da população brasileira queria que Michel Temer fosse presidente até o fim do mandato que era de Dilma, e que depois o Fantástico domingueiro repercutiu a notícia positiva, eu bem que achei estranho.

Mais estranho ainda foi ver que só 3% dos brasileiros querem agora uma nova eleição, quando uma pesquisa feita em abril mostrou que esse era o desejo de 63% dos brasileiros.

E aí eu pensei: qual o milagre feito por Temer pra essa virada sensacional no imaginário das pessoas? E confesso que procurei além dos ministros investigados pela Lava-jato, das denúncias contra os caciques do PMDB, dos aumentos pro Legislativo e pro Judiciário e confesso que não achei nada tão relevante assim.

Tá certo que os jornalões e a Globo já tiraram a Lava-jato das manchetes faz tempo, pouco falam na crise econômica e nem lembram que a corrupção ainda grassa por essas plagas, mas convenhamos, todo mundo sabe que Temer está envolvido até o pescoço com denúncias de corrupção, com as propinas pagas ao PMDB e com as maracutaias patrocinadas pelo seu parceiro Eduardo Cunha.

Ou alguém aí já esqueceu de tudo isso, dos R$ 30 milhões da construtora pro Jucá e do dinheirão da Andrade Gutierrez pro Temer distribuir entre os seus?

E confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha com essa pesquisa até ontem, quando o próprio Datafolha teve que deixar cair a máscara e contou um pouquinho da farsa.

É que o Datafolha perguntou aos entrevistados apenas se preferem Dilma ou Temer, como se fosse uma disputa eleitoral de segundo turno. Mas a questão é que não é, e é exatamente aí que a porca torce o rabo.