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Dez são denunciados pelo MP na Operação Leite Compensado

Dez são denunciados pelo MP na Operação Leite Compensado

O Ministério Público (MP) apresentou à Justiça denúncia contra dez pessoas investigadas pelas operações Leite Compen$ado 11 e Queijo Compen$ado 4, desenvolvidas no último dia 5 mediante mandados de busca e apreensão e prisão preventiva cumpridos em São Pedro da Serra, no Vale do Caí, e Caxias do Sul. Os denunciados são o ex-Secretário do Instituto Gaúcho do Leite, Clóvis Marcelo Roesler, o irmão dele, César Moacir Roesler, a esposa de César, Anete Maria Roesler, além dos sobrinhos Zaquiel Ramon Roesler e Elvis Oscar Roesler, todos sócios, administradores e funcionários das empresas Laticínios Roesler Ltda. e Laticínios Campestre Ltda.,com sede em São Pedro da Serra.

Também foram indiciados os transportadores Márcio Ubirajara Silva da Silva e Valdomiro Graff, o queijeiro das empresas Antônio Germano Royer, o comerciante de queijos de Caxias do Sul Guilherme Scussiato e o médico veterinário e fiscal sanitário da Prefeitura de São Pedro da Serra Marco Aurélio Bandeira Meirelles. Os integrantes da família Roesler, os funcionários deles e o comerciante de queijos responderão pelo crime de adulteração de substância alimentícia para posterior venda e integração de organização criminosa. Clóvis, César e Anete responderão também por falsificação de selo público. Marco Aurélio Bandeira Meirelles cometeu, segundo as investigações, os crimes de falsidade ideológica e prevaricação. A denúncia, assinada pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Segurança Alimentar, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, pede a manutenção da prisão preventiva de Clóvis, César, Anete e Royer. O MP pediu ainda a revogação da prisão do queijeiro Selvino Dietrich.

Durante a operação, as sedes das indústrias foram interditadas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) por falta de Licença de Operação e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pelos produtos químicos encontrados no local (água oxigenada e ácido sórbico – conhecido como sorbato), por falta de higiene e pelo amido de milho encontrado, utilizado para “engrossar” o leite utilizado na fabricação de nata. Em Caxias do Sul, Guilherme Scussiato foi preso em flagrante por acondicionar para a venda queijo das marcas investigadas e outras em péssimas condições de conservação. O local foi interditado pela Vigilância Sanitária Municipal pela falta de higiene e pelos produtos impróprios para o consumo.

 

Bactérias e produtos químicos no leite

As empresas investigadas produziam queijo lanche, cobocó, colonial, de cabra, coalho e para assar, bem como nata, leite pasteurizado e leite de cabra, vendidas para todo o Estado. No entanto, possuíam, desde junho do ano passado, restrição para a venda para fora da cidade de São Pedro da Serra.

As operações investigaram práticas nocivas à saúde humana pelos suspeitos, já que os produtos fabricados pelas empresas Laticínios Roesler Ltda. e Laticínios Campestre Ltda. (marcas Granja Roesler e Campestre) foram submetidos à análise laboratorial e tiveram resultados positivos para coliformes fecais e staphyloccocus (ambas bactérias gram positivas). Além disso, foi detectada fraude a partir da adição de água e amido de milho no leite para aumentar o volume, bem como o acréscimo de água oxigenada e ácido sórbico (bactericida e fungicida, respectivamente) para aumentar a validade dos produtos (leite de cabra e queijo).

A fraude foi constatada pelo laboratório do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em análises de quatro coletas de leite pasteurizado tipo C da marca Granja Roesler com data de fabricação em 9 de março deste ano e vencimento em 16 do mesmo mês. Todas tiveram o índice de crioscopia (ponto de congelamento) fora dos padrões, o que indica adição de água. Análises feitas na nata da mesma marca tiveram resultado positivo para a presença de amido de milho.