Hoje é o dia do amigo. E infelizmente, a primeira lembrança que me veio à cabeça é que a Operação Lava-jato está virando exatamente isso: uma ação entre amigos. É que depois que as investigações pegaram políticos, funcionários de estatais, dirigentes de grandes empresas, doleiros e lobistas, quando ela começa a chegar perto dos verdadeiros figurões da República ela começa a derreter e secar.
E nesse dia do amigo, o próprio Sergio Moro já mandou um recado pros seus amigos de sempre e botou data pro ponto final da operação não passar deste dezembro.
Não se iluda: a reação está a toda velocidade, e quem está na direção desse caminhão desgovernado é exatamente quem tem poder pra frear as investigações.
Pra estancar a sangria, como disse um dos amigos logo ali atrás, o que antes valia tudo agora não serve, a delação premiada do amigo não vale, e a polícia federal e a justiça abusam da autoridade. Até a prisão em segunda instância, aprovada pelos amigões do STF, começa a ser questionada, porque alguém lá em cima se deu conta que o que vale pra petista vai valer pra todos os outros amigos da casa.
A indignação do amigo Jucá tem endereço certo, a revolta do amigão Calheiros tem um objetivo claro, o soco na mesa do mui amigo Temer tem alvo bem definido.
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É claro que tanto os abusos da delação premiada quanto o abuso de poder por juízes, procuradores e policiais precisam ser corrigidos, porque nenhum poder pode ser maior que a lei.
Mas isso também não pode agora ser usado como pretexto pra blindar os amigos corruptos e proteger interesses escusos, porque já está mais que claro que os poderosos de plantão não se conformam com a possibilidade de virar vidraça da corrupção.
Por isso, os amigões querem construir um acordão pra se livrar da guilhotina.
Já chegamos até aqui, o resto a gente perdoa. É que eles querem nos impor. Uma espécie de divisor de águas entre o que já foi apurado e o que nunca vai ser.
É preciso estar atento e forte, porque só a justa indignação das ruas pode contra mais essa verdadeira obscenidade patrocinada pelos amigos… da onça.
