Memória LEOUVE

O Rio de agosto

O Rio de agosto

Ontem, quando a França festejava os ideais da liberdade, da igualdade e da fraternidade que nasceram dali para o mundo em um 14 de julho histórico, lá em 1789, a Costa Azul francesa se manchou de vermelho do sangue de quase uma centena de vítimas de mais um atentado terrorista.

 

Depois da barbárie que se espalhou na Turquia, no Iraque, em Bangladesh e na Arábia Saudita só neste mês, o atentado de ontem à noite em Nice faz o mundo ficar em alerta para os sinais deste julho vermelho do terror.

 

Depois dos aviões do 11 de Setembro e dos homens-bomba e atiradores de todos os dias e todos os calibres, agora foi um caminhão a arma utilizada pelo fanatismo para matar inocentes, adultos, jovens e crianças que celebravam mais que um dia especial, um modo de vida que agora está sob ameaça.

 

E essa ameaça é ainda maior e mais real porque os atentados terroristas estão atacando locais que, mesmo que sob forte vigilância, são vulneráveis aos ataques de pessoas dispostas a matar e morrer em nome da intolerância, e basta uma delas para causar um estrago enorme.

 

Os bares de Paris, o aeroporto na Turquia, o restaurante em Bangladesh e agora o calçadão à beira do Mediterrâneo são um palco perplexo para o novo terrorismo que inaugura a dificuldade de prevenir ataques a locais que fazem parte do dia a dia dos cidadãos comuns.

 

Por isso, não podemos negar que a ameaça de um atentado durante as Olimpíadas no Brasil seja real, aliás, como já alertaram o serviço secreto da França e a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

 

É certo que não podemos nos entregar ao medo do terror, mas o fato é que atentados como o de ontem na França nos lembram como ainda estamos indefesos à ação da barbárie, e nos obrigam a cuidar ainda mais para que a Nice de ontem não seja, amanhã, o Rio de agosto.