Memória LEOUVE

Corrupto Orloff

Corrupto Orloff

Hoje sou eu. Vocês, amanhã, vociferou o crocodilo Eduardo Cunha pra quem quisesse ouvir, confirmando a ameaça de que, se ele cair, leva muita gente junto. E deu certo, pelo menos por enquanto, porque a CCJ da Câmara não analisou o recurso dele, deve se reunir de novo hoje pra isso, mas a definição mesmo vai ficar só pra agosto.

 

Cunha inaugurou a figura do corrupto Orloff, aquela do eu sou você amanhã. E essa é uma verdade das mais cristalinas: Cunha é hoje o que a cambada de corruptos que ainda habita o Congresso Nacional será amanhã.

 

Quer dizer, pelo menos isso é o que a gente espera, porque está cada vez mais difícil acreditar que tudo isso não seja um jogo de cartas marcadas pra deixar o crocodilo nadando em águas mais calmas.

 

Ou alguém em sã consciência pode acreditar que, mesmo que não pareça, não seja Cunha que esteja distribuindo as cartas? O verbo solto e a mandíbula afiada pra morder quem quiser nadar no seu lago particular do poder têm respaldo e objetivos bem claros.

 

Cunha joga o jogo do medo, e convence.

 

 

Mas, como o circo de horrores da política tupiniquim pode tudo, até domesticar um crocodilo, há sinais de que seu poder se esboroa na mesma medida em que já não pode oferecer muito em troca.

 

Não é à toa que o novo presidente da Câmara é Rodrigo Maia, do DEM, que venceu na madrugada de ontem o candidato preferencial de Cunha. Mas mesmo o democrata não é daqueles que condenam publicamente o crocodilo e já mostrou que não quer ver a lagoa secar.

 

Mas também não é à toa que sua mulher indicou como testemunhas de sua defesa na Lava-jato gente ligada ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e gente grande do governo interino do temerário Temer. São seis deputados e dois ministros que vão pra Curitiba falar bem da mulher do réptil.

 

 

Cunha será cassado, isso nem é preciso dizer, mas o recado dele é claro: ou a corja garante a impunidade, ou todos vão entrar na fila da degola.