Memória LEOUVE

A base surda e o veto derrubado

A base surda e o veto derrubado

Já era visto que seria mesmo muito difícil segurar os deputados gaúchos pra sustentar a política de austeridade do governo Sartori em um ano eleitoral, e ontem veio a prova final disso.

 

É que os deputados derrubaram todos os vetos do governo aos reajustes dos funcionários do Judiciário, da Defensoria Pública, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e do próprio Legislativo.

 

Em uma tacada só, aumentaram o rombo das contas do governo em quase R$ 200 milhões só pra este ano, porque o reajuste é retroativo desde janeiro.

 

Foi a primeira derrota do governo no Legislativo, mas foi uma derrota avassaladora. E o pior é que até a base do governo se fez de surda aos apelos sobre a grave crise financeira do estado e votou contra o governador.

 

É certo que os servidores dessas categorias merecem a reposição salarial aprovada em março e confirmada só agora, mas enquanto a assembleia abre os cofres pra funções que historicamente recebem salários mais altos, os servidores do Executivo, entre eles os policiais, que estão agora nas ruas combatendo o crime, e os professores, que neste momento estão nas salas de aula cumprindo do jeito que podem a nobre missão de educar nossos filhos, seguem à míngua.

 

A derrota mostra uma incapacidade do governo de negociar sua agenda pra tirar o estado da crise. Um estado que comunica mal, que volta atrás quando pressionado, que aprova incentivos fiscais pra empresas bilionárias enquanto parcela salários e aumenta impostos pra tapar um rombo sem fim está pagando um preço alto pra um crédito político que está no fim.

 

Mas a verdade é que a caixa de bondades com o dinheiro alheio, aberta ontem pelos deputados, vai cobrar um alto preço do governo, é certo, mas um preço ainda mais alto quem vai pagar somos nós, o povo gaúcho, que sofre com serviços cada vez mais sucateados, com a insegurança crescente, com a saúde e a educação em estado de penúria e com estradas que exigem uma recuperação que não vem porque não existe dinheiro.