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Tráfico está entre as principais causas do aumento dos assassinatos em Bento

Tráfico está entre as principais causas do aumento dos assassinatos em Bento

O tráfico de drogas e um sistema prisional deficiente estão entre os principais motivos para o alarmante crescimento no número de mortes violentas em Bento Gonçalves, segundo as forças de segurança do município.

 

O primeiro semestre de 2016 é o mais violento da história da cidade. Até o dia 30 de junho, foram registrados 20 assassinatos, um aumento de 82,8%, com relação aos 11 registrados no mesmo período de 2015.

 

Até então, a pior marca no primeiro semestre havia sido registrada em 2014, com 14 assassinatos. Na comparação a esse período, a violência neste ano é 42,8% maior. Em 2009 foram registrados 12 mortes, contra 11 em 2003, 9 nos anos de 2005, 2007 e 2010, além de 7 mortes registradas em 2006 e 6 em 2002, segundo números da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS).

 

Para o delegado Álvaro Pacheco Becker, titular da 2° Delegacia de Polícia (2° DP), vários fatores influenciaram para o aumento da violência na cidade, como a própria situação econômica e política do país, a falta de emprego, a falta de uma política de segurança pública mais direcionada ao combate dessa violência e as questões de educação e saúde pública, porém, os carros-chefe desse aumento são um sistema prisional deficiente e principalmente o tráfico de drogas, “mesmo trabalhando diuturnamente para tirar de circulação esses indivíduos, é como se tirasse um e brotassem dois” se referindo a alta rotatividade que existe no mundo do crime.

 

O delegado também citou a questão da falta de vagas nos presídios “não é só uma questão de segurança, o próprio sistema prisional arcaico, onde não se tem um presídio decente pra colocar essas pessoas que deveriam estar lá cumprindo suas penas, então se faz opção por tornozeleira eletrônica, prisão domiciliar, enfim, alguns paliativos que não resolvem nada”.

 

Com relação a resolução dos crimes, Becker afirma que, dos 16 crimes que estão sob a investigação da 2° DP, entre eles os dois latrocínios, cerca de 80% estão solucionados, com a identificação dos autores.

 

O comandante do 3° Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3° BPAT), Álvaro Martinelli, reforça a questão do envolvimento do tráfico de drogas nas mortes registradas e enfatiza o retrabalho que a Brigada Militar realiza quase que diariamente prendendo várias vezes o mesmo indivíduo, “quase que a totalidade das mortes tem envolvimento com o tráfico, e o retrabalho é uma constante nossa, pois o sistema prisional não recupera ninguém hoje, são necessários investimentos maciços em várias áreas” afirmou.

 

O major também citou a questão da oferta e da demanda. Segundo ele um crime alimenta o outro “o traficante só existe porque existe um consumidor”, ressaltou.

 

Ainda segundo Martinelli, a Brigada Militar é apenas uma das engrenagens da sociedade, e de nada adianta fazer um policiamento repressivo sem ter uma estrutura carcerária adequada, que ressocialize o detento, e o coloque em condições de retornar a sociedade.