Memória LEOUVE

De luz alta

De luz alta

De luz alta

Certa vez fui ameaçado por um colega de imprensa que não havia gostado de uma opinião que externei: “eu vou de luz alta e quinta marcha pra cima de ti”. E veio mesmo, com um monte de insinuações maldosas. Perdi um pouco a compostura, tentei responder no mesmo tom. Não alcancei sua quinta marcha e no fim seguimos sendo quem somos, cada um na sua pista. Na sua velocidade, com as suas crenças.

 

A introdução vem por conta de uma história que lembrei, mas o assunto era para ser a obrigatoriedade do uso de farol baixo. Tem quem reclame, tem quem simplesmente atenda à obrigação. Acho que se for para salvar uma vida apenas, aí está valendo. O que não pode é começar, desde logo, com esta fúria arrecadatória. Uma vergonha extorquir o cidadão quando este sabe para que ralos costumam ir os recursos que são drenados dos seus bolsos.

 

Mas também falei em cada um com suas crenças. Sempre vou lembrando minha mãe ou a mãe de meus filhos respondendo a uma argumentação comum na adolescência: mas todo mundo vai. A resposta na ponta da língua é sempre será a mesma: tu não é todo mundo.

 

E vejo que a Câmara de Vereadores recorre para não ter afastados funcionários que julga importantes e que foram aprovados no concurso público, ao que tudo indica, de forma fraudulenta. Não ouvi as razões do jurídico da Casa, mas desde logo se sabe que o  estrago na imagem será grande, se é que cabe mais estrago ainda nesta imagem.

 

O que minha memória permite lembrar é que há bem poucos anos atrás o Ministério Público, digamos assim, pegava no pé do Legislativo em Bento Gonçalves porque ali estavam aninhados 40 funcionários. Um nada perto do que acontece hoje. Mas a bronca não era em relação ao número de pessoas, mas à forma como estava sendo contratados, isto é, sem concurso. Aí vieram os concursos e muita gente que já estava lá acabou se acomodando ou sendo acomodada de forma permanente.

 

Ao recorrer da decisão judicial, a Câmara, agora sob nova direção, está avalizando o que de errado se fez. O caminho não é este.

 

Concluo dizendo que farol baixo não resolve nestas coisas da política, das licitações, dos favores. É preciso ir de luz alta pra cima deles.