Comportamento

Ucrânia: 700 mil pessoas estão sem água após destruição de barragem

Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente pelo desastre

(Foto: REUTERS/Vladyslav Smilianets)
(Foto: REUTERS/Vladyslav Smilianets)

A situação humanitária na Ucrânia está “extremamente pior” do que antes da destruição da barragem de Kakhovka, com 700 mil pessoas sem acesso à água potável, alertou o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

Segundo Griffiths, as inundações na Ucrânia, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, levarão inevitavelmente a menores exportações de cereais, preços mais altos e menos disponibilidade de alimentos para milhões de necessitados em todo o mundo.

“Mas a verdade é que estamos apenas começando a ver as consequências deste ato”, sublinhou, na sexta-feira (9), em entrevista à agência de notícias Associated Press, o britânico, que lidera o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O sub-secretário disse que as Nações Unidas, trabalhando principalmente por grupos de ajuda ucranianos, conseguiram apoiar 30 mil pessoas em áreas inundadas sob controle ucraniano.

Ele também lamentou que até agora a Rússia não tenha concedido acesso às áreas que controla para a ONU auxiliar as vítimas das enchentes.

Griffiths disse que se encontrou com o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, na quarta-feira (7), para pedir às autoridades russas “acesso para as nossas equipes na Ucrânia atravessarem as linhas de frente para prestar ajuda e fornecer apoio aos (..). Ucranianos nessas áreas”.

Além disso, o britânico observou que as águas também correram sobre áreas com minas terrestres: “O que poderemos ver são essas minas flutuando em lugares onde as pessoas não as esperam”, ameaçando adultos e especialmente crianças.

De acordo com um relatório do OCHA, o nível da água começou a baixar na região afetada pela destruição da barragem, mas mais de 25 mil casas estão danificadas e continua a aumentar o número de deslocados.

Nas áreas da região de Khersonska sob controle ucraniano, 320 pessoas foram retiradas das suas casas nas últimas 24 horas, aumentando o número total de pessoas que fugiram para mais de 2,5 mil, segundo a Organização Internacional para Migração (OIM), citada pela OCHA.

Ainda na região controlada por Kiev, quase 40 vilas e cidades foram “severamente afetadas pelas inundações, com mais de 3.620 casas danificadas até o momento”.

Já as autoridades apoiadas por Moscou divulgaram ontem que o número de casas inundadas aumentou para mais de 22 mil, com “graves consequências humanitárias para milhares de pessoas”.

Segundo informações divulgadas também na sexta-feira pelas autoridades ucranianas e russas, as inundações teriam provocado 13 mortos.

A destruição da barragem da Central Hidroelétrica de Kakhovka, na região de Kherson, no Sul da Ucrânia, já é considerada um dos maiores desastres industriais e ecológicos da Europa nas últimas décadas.

A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente pela destruição da barragem, construída no rio Dniepre na década de 1950.

Fonte: Agência Brasil