Seis prisões, uma elas em flagrante de empresário de Caxias do Sul, e o afastamento das funções de um servidor público municipal de São Pedro da Serra, além da descoberta de 8,6 toneladas de leite em pó depositados em uma sala de escola municipal da cidade de Barão. Esse foi o saldo da 11ª etapa da Operação Leite Compen$ado e a 4ª etapa da Operação Queijo Compen$ado, realizada na manhã desta terça-feira, 5. Foram deferidos pela Justiça de Montenegro e cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão nas cidades de São Pedro da Serra (4), Estrela (1), Caxias do Sul (2) e Novo Hamburgo (1).
Os detalhes da operação foram divulgados em entrevista coletiva ocorrida na tarde dessa terça na sede do Ministério Público de Montenegro. Participaram do encontro com os jornalistas o subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais, Fabiano Dallazen, e os coordenadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Segurança Alimentar, Alcindo Bastos da Silva Filho e Mauro Rockenbach. “O que se nota é que as pessoas ainda sentem que vale arriscar. Um dos principais envolvidos preso hoje foi presidente de associação comercial e integrante de importantes entidades da cadeia leiteira do Estado. Também notamos tentativa
clara de cessar o trabalho do Ministério Público e boicotar a Secretaria Estadual de Agricultura pelo apoio que dá as investigações do MP”, destacou o subprocurador geral.
As ações investigaram as atividades das empresas Laticínios Roesler Ltda. e Laticínios Campestre Ltda. (ambas em São Pedro da Serra), bem como da Calábria Casa de Queijos (Caxias do Sul) e Nei Casa do Queijo – Produtos Coloniais (Novo Hamburgo), que vendiam os produtos dos dois laticínios de São Pedro de foram irregular. Para Dallazen, a estrutura mostrava uma organização criminosa que visava causar dolo não só a produção de leite, mas também ao fisco do Estado. “Eles queriam derrubar o atual secretário público e inclusive ingerir nas ações do Ministério Público para tentar proteger o esquema criminoso de adulteração do leite.”
“Vamos aguardar a decisão judicial para ver o que fazer”
O prefeito de São Pedro da Serra, Ari Weschenfelder, afirmou ter recebido com grande surpresa a notícia das prisões da Operação Leite Compensado em seu município. “Foi um choque para todos nós. Se trata de empresas familiares, com décadas de atuação no mercado e conhecidas por todos. Infelizmente o nome da nossa cidade hoje está exposto de maneira muito negativa.”
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Weschenfelder também comentou o afastamento do fiscal sanitário da prefeitura. “Ele está afastado por ordem judicial e agora poderá se defender no processo. Não vamos fazer nada antes da decisão da Justiça sobre o caso.” Segundo o prefeito, o servidor é concursado há cerca de dois anos, estando em período de estágio probatório, ou seja, ainda sem a estabilidade garantida aos funcionários públicos.
Prefeitura de Barão afirma que leite não foi usado na merenda
Outra informação divulgada pelo Ministério Público é de que 8,6 toneladas de leite em pó, na sua ampla maioria vencida ou prestes a vencer, estava armazenada em uma sala de aula da Escola Municipal Martin Affonso de Souza, da localidade de Barão Velho, interior do Município de Barão.
De acordo com o prefeito Jéferson Schuster Born, o produto não foi comprado pela prefeitura e nem utilizado na merenda dos alunos. “O que ocorreu foi que o leite é pó era processado em cooperativa de Taquara, que fechou, então dois os nossos maiores produtores nos pediram um local para guardar o leite em pó. Só tínhamos essa sala em virtude do baixo número de alunos dessa escola e a cedemos. Mas o produto segue de responsabilidade dos produtores.” Segundo Born, o leite foi depositado na sala de aula em fevereiro e era para ter ficado ali cerca de dez dias, mas cinco meses se passaram. “É isso que vamos averiguar agora. Saber por que não foi retirado e exigir que isso ocorra o quanto antes.”
