Memória LEOUVE

O corte do Machado

O corte do Machado

R$ 100 milhões pagos em propina só pro PMDB. Mas não se iluda, tem pra todo mundo: PT, PCdoB, PSDB, PP, PSB e Democratas…

 

Parece mesmo é que não vai sobrar pedra sobre pedra na república da propina depois da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, revelada ontem.

 

É evidente que, como em todas as outras delações, essa é a palavra de um criminoso confesso, e é preciso provar o que ele disse.

 

Mas o certo é que o conteúdo da delação do homem que já derrubou pelo menos dois ministros com três ou quatro telefonemas caiu como uma bomba nos bastidores da Câmara Federal, do Senado e do Palácio do Planalto.

 

Até o temerário interino foi citado como negociador de um jabaculê de R$ 1,5 milhão.

 

E tem mais: Renan Calheiros, José Sarney, Romero Jucá, Aécio Neves, Jader Barbalho, Edson Lobão, José Agripino Maia e outros menos estrelados estão na lista.

 

Machado narrou com todas as letras que o presidente em exercício Michel Temer reassumiu a presidência do PMDB em 2014 pra controlar a destinação dos recursos do partido, em um acordão espúrio com o PT pra dividir o butim do petrolão, e revela a existência de um propinoduto iniciado em 1998, nos tempos de FHC, pra garantir a presidência da Câmara Federal pro Aécio.

 

Todos eles, honestos de carteirinha, negaram tudo, é claro.

 

Mas, no mesmo dia, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, botou mais lenha nessa fogueira ao dizer pro STF que as nomeações de ministros aliados do PMDB e a distribuição de cargos aos tucanos no governo do interino temer fazem parte de um plano para encerrar a Lava-jato.

 

Mas a Lava-jato segue fazendo estragos na patuleia dos corruptos e escancarando a imoralidade da política nesse país de botocudos.

 

E vem mais por aí.

 

Porque se a bomba de Machado já fez esse estrago todo, os inquilinos do poder tremem só em pensar o que pode acontecer se Eduardo Cunha entrar pro time dos premiados delatores.

 

 

Será então uma bomba atômica. Mas se a bomba cair, será, ao mesmo tempo, o caos inevitável e a única redenção possível.