Memória LEOUVE

Preço de banana

Preço de banana

O mundo amanheceu hoje novamente chocado com o atentado que matou 50 pessoas nos Estados Unidos e em alerta com a ameaça real do terrorismo e da intolerância.

 

Os Estados Unidos são o país onde mais assassinatos em série ocorrem no mundo. Só esse ano, mais de 130 tiroteios em massa foram registrados por lá, uma média absurda de cinco por semanal.

 

E, num país onde comprar uma arma é banal e os tiroteios ganham as manchetes toda semana, o atentado de ontem, mesmo que seja o pior e mais sangrento massacre feito por um serial killer na história, é só mais um, e não será o último.

 

O massacre em Orlando reacendeu o debate sobre o controle de armas em plena campanha eleitoral americana, mas também é o retrato do fracasso de Obama nessa área. O presidente, que há anos tenta aprovar no congresso restrições à venda de armas, se mostrou mais uma vez impotente.

 

Agora, de nada adianta colocar a culpa na facilidade de ter uma arma, ou no terrorismo internacional e sua intolerância religiosa, ou mesmo na incapacidade do mundo ocidental em enfrentar essa ameaça, e também não vai aliviar a dor de quem perdeu gente querida saber porque um homem consegue entrar com um fuzil em uma boate sem ser incomodado.

 

Por aqui, nós estamos discutindo a flexibilização do estatuto do desarmamento, aumentando a possibilidade do cidadão ter armas e a quantidade que ele pode comprar de munições por ano.

 

É certo que apenas o desarmamento do cidadão de bem de forma isolada, não vai fazer mudar em nada o quadro da violência. Mas é preciso afirmar que o contrário também não é verdadeiro: facilitar a posse de armas não vai tornar o mundo mais seguro.

 

O certo é que precisamos encontrar um equilíbrio entre a bala e a paz para impedir, solucionar e punir os crimes, e atuar na prevenção, na educação e na repressão de forma sincronizada.

 

Combater o narcotráfico e diminuir o consumo de drogas, ampliar o controle das fronteiras, cultivar a ética da tolerância e ensinar a viver na diversidade são fundamentais pra isso.

 

Mas também será preciso estabelecer um controle mais efetivo sobre as armas e combater a venda ilegal e o tráfico internacional. Aqui, nos Estados Unidos e no mundo todo.

 

Porque o criminoso sempre vai achar uma forma de se armar, seja por contrabando, desvio e furto em instituições policiais, roubo de fóruns, roubo de armas de vigilantes particulares, roubos em empresas de segurança, corrupção ou mesmo eventualmente roubo ou furto de cidadãos honestos.

 

Porque de nada adianta nós fazermos a nossa parte se os bandidos, enquanto estamos desarmados, vão ali do lado comprar armamentos pesados a preço de banana. O mesmo preço que acaba valendo a nossa vida.