Eu gosto de laranja. Você provavelmente gosta de laranja. Mas ninguém gosta tanto de laranja quanto o presidente afastado da Câmara Federal, Eduardo Cunha, gosta. Mas o pé do Eduardo começou a bichar.
Pensando bem, Eduardo Cunha é bem como a laranja, que, mesmo depois de retirada do pé, segue exalando seus gases a ponto de estragar as outras do mesmo cesto.
É que enquanto o todo poderoso Cunha conta com manobras, ameaças, chantagens e o medo do Congresso para se manter a salvo da cassação do mandato e arrasta o processo por longos nove meses pra não ficar só no bagaço, o cerco fechou lá no quintal da casa dele.
É que a mulher dele, a jornalista, ou seria laranja?, Cláudia Cruz, virou ré na Lava-jato, e vai ter que explicar como foi favorecida com a propina do petrolão em contas na Suiça.
Compras de luxo, bolsas de grife, jantares milionários, tudo financiado com dinheiro público, num cenário totalmente incompatível com o que ganha de forma legal o maridão poderoso.
Que Cláudia sofra de cegueira deliberada ou falta de curiosidade pra saber de onde vem a grana que gasta com a avidez dos novos ricos, sinceramente, não espanta.
Afinal, ainda que bela, ela nunca foi assim tão recatada e do lar, e vamos combinar aqui pra nós que nenhuma laranja cai assim tão longe do pé.
Agora, o bicho vai pegar Cunha. Ou alguém acha que não é ele quem deve explicações nesse laranjal?
Mas a questão agora é saber se, depois que foi denunciado pela Procuradoria-geral da República a de ter sua prisão pedida por Rodrigo Janot, Cunha vai seguir contando com o benefício da dúvida dos amigos no Congresso e no STF e vai deixar a Justiça fazer suco da laranja que brotou no seu próprio quintal.
O certo é que Cunha não nega mesmo o ditado: laranja madura na beira da estrada, ou é podre ou é bichada.