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Presidente da Fiergs diz que aumento de impostos depende de ações do governo

Presidente da Fiergs diz que aumento de impostos depende de ações do governo

O mês de abril registrou uma nova queda na atividade industrial gaúcha em relação a março, e as expectativas para os próximos seis meses são ainda piores. O ciclo de fechamento de postos de trabalho completou dois anos ceifando empregos em todo o país, e com ainda mais força no estado e na Serra Gaúcha.

 

“A crise no setor continua intensa e as perspectivas não são as melhores no curto prazo”, afirmou em Caxias o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, durante a reunião-almoço na CIC realizada na segunda-feira, dia 30, que contou com a assistência dedicada de 218 participantes.

 

Ele explicou que a redução do mercado interno, associada a uma deterioração do mercado de trabalho e à falta de confiança de empresários, é determinante para que esse cenário de grandes dificuldades permaneça no cenário.

 

Muller ainda afirmou que, apesar de confiar no governo interino de Michel Temer, ele não acredita que medidas mais profundas sejam tomadas agora.

 

“As medidas não serão encaminhadas agora. O governo ainda precisa transigir negociando com os partidos, e por isso aparecem nomes envolvidos com problemas como a corrupção no ministério, para seguir com o impeachment. Para continuar tendo apoio, ele teve que negociar, dar uma mão para Deus e outra para o diabo. Uma vez confirmado o impeachment, aí ele poderá fazer uma negociação diferente”, acredita.

 

Entre essas medidas consideradas importantes, Muller destaca as reformas trabalhistas e previdenciária.

 

“A questão da reforma trabalhista terá menos impacto, porque não se pretende tirar direitos, mas consolidados. A mais impopular será a reforma da previdência, porque não tomamos as medidas necessárias há mais tempo. Aqui no Brasil, continuamos aposentando gente com 45 anos ou até menos. Ou fizemos a reforma ou não vai ter dinheiro para pagar essa conta”.

 

Muller confirmou que, dependendo das sinalizações do próprio governo, os empresários e a sociedade poderão até conviver com um novo aumento de impostos.

 

“Tem que haver contrapartidas. No momento em que o governo anunciar, por exemplo, a redução de cargos de confiança e uma série de outras intervenções para diminuir as despesas que tem, eu acredito que aí não é uma questão de ser agradável ou não. É uma questão de negociação. Se tiver equilíbrio nessa questão, acho que a sociedade pode até aceitar mais imposto”.

 

Para ele, o que se pode esperar agora é uma "pacificação" entre empresários, trabalhadores e governo. “Eu espero uma pacificação. Não temos outra saída a não ser acreditar. Não lembro do país ter enfrentado duas crises juntas, a política e a econômica. Mas precisamos ter esperança”, afirmou.

 

Ouça a entrevista de Heitor José Muller: