Memória LEOUVE

Um governo avestruz

Um governo avestruz

Depois de curtir o feriadão em Curitiba, o governador José Ivo Sartori retoma a dura realidade do governo gaúcho anunciando um novo parcelamento dos salários do funcionalismo. Esse é o símbolo mais dramático do agravamento da crise financeira que atinge o Rio Grande do Sul, e ele já está virando rotina para servidores públicos do estado.

 

Este será o quarto mês consecutivo que o governo vai pedalar os salários, numa prática que iniciou há um ano. Desde o ano passado, o mecanismo já foi adotado oito vezes, quatro delas só em 2016. E o pior é que, com a arrecadação fraca e com opções limitadas de financiamento, o governo estadual reconhece que não há uma perspectiva concreta de quando o funcionalismo estará a salvo do parcelamento.

 

Na verdade, o governo traça um cenário tenebroso para as finanças dos próximos meses, e nem o aumento do ICMS em vigor desde janeiro e nem a cobrança antecipada do IPVA melhoraram a situação. De acordo com a secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, o déficit mensal das contas do estado é superior a R$ 500 milhões.

 

E a situação deve piorar, porque, a partir do dia 31 deste mês, a folha do Executivo terá um acréscimo de R$ 33 milhões por conta dos aumentos para policiais civis e militares e para agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) concedidos no governo de Tarso Genro, mas que terão que ser honrados agora por Sartori.

 

Enquanto isso, o governo segue tapando o sol com a peneira, sem construir uma solução definitiva para a crise que não passe pela surrada tese da renegociação da dívida com a União, e nem mesmo mais uma pedalada da parcela de quase R$ 300 milhões da dívida vai fazer com que os funcionários recebam em dia.

 

E os professores entram na terceira semana de greve sem perspectivas e com estudantes ocupando mais de cem escolas em todo o estado sem que a gente veja qualquer movimento do secretário de Educação que não seja a ideia de se lançar candidato à prefeitura de Porto Alegre.

 

E o colapso da segurança pública segue fazendo vítimas todo o dia, mas a única resposta do governo é esconder os dados ruins no estado, baixando uma ordem para que as estatísticas sobre os crimes sejam disponibilizadas apenas de meio em meio ano.

 

Mas, meu caro governador, cá para nós, esconder os números não dará mais segurança aos gaúchos.