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Quebra da safra e novas medidas preocupam vitivinicultores, avalia Ibravin

Quebra da safra e novas medidas preocupam vitivinicultores, avalia Ibravin

Além de sofrer com a quebra da safra da uva deste ano, que acarretou em uma perda significativa na produção de vinhos, empresários do setor vitivinícola da Serra gaúcha foram surpreendidos com a aprovação do veto que mantém em 10% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das bebidas quentes, na terça-feira, dia 24, no Congresso Nacional.

 

A proposta era que o IPI diminuísse para 6% neste ano e para 5% e 4% nos anos sequentes. Mesmo que muitos deputados federais fossem favoráveis a redução, era necessário 250 votos para manter a decisão.

 

O ministro do Trabalho e Desenvolvimento Social, Miguel Rossetto, prometeu que um decreto iria diminuir a redução da alíquota, mas a Receita Federal barrou a decisão, o que deu base para os deputados derrubassem a proposta. 

 

Com a perda na produção de uva deste ano, automaticamente os preços dos produtos se elevaram, pois é preciso reajustar conforme a demanda de consumo. E os empresários esperavam poder contar com a aprovação da redução do IPI, para poder equilibrar os valor e conseguir se manter no mercado. 

 

Na última safra a produção de vinhos finos foi 70 milhões de quilos de uva, reduzindo cerca de 60% da produção, e as vinícolas tiveram que remanejar os seus estoques, acabando por direcionar em relação ao mercado, explica Diego Bertolini, diretor de marketing do Instituto Brasileiro do Vinho. "Houve duas questões, o reajuste em relação a safra e também em relação aos impostos, o que a gente já está vendo muito significativamente  nos vinhos com um preço um pouco mais caro nas gôndolas de supermercados e restaurantes", afirmou. 

 

A carga tributária no setor vitivinícola é muito forte, tributaristas falam que 70% do preço do vinho está relacionado a impostos. Atualmente o mais alto é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ultrapassando o IPI, segundo Bertolini. "Isso faz com que o preço com certeza cresça para o consumidor e esse volume de comercialização acaba reduzindo", explica.

 

No ano passado o suco de uva teve um crescimento  de 30% em termos de volume, o espumante cresceu 11% em comercialização e os vinhos finos cresceram 6,7%. Mas neste ano o receio dos vinicultores é a situação dos impostos e da quebra da safra que causa uma inconstante visão para projeções de crescimento no mercado.

 

Outra questão que também está em queda no setor é a importação, principalmente com o aumento do dólar que resulta em produtos mais caros. "Hoje tambémn existe uma percepção da qualidade do vinho brasileiro no mercado. As vezes o consumidor em vez de comprar um vinho importado, acaba optando pelo brasileiro com um preço igual ou inferior e de qualidade", ressalta Bertolini. 

 

Mas além da importação, da quebra da safra e do veto do IPI reduzido, existe também  uma outra discussões no meio, a diferença tarifária de cada estado que é relacionada a Margem de Valor Agregado (MVA) calculada por região. Bertolini explica que no estado o valor  varia de 57% a 67%. "Os fatores que deixam a bebida mais cara são primeiro a logistica, que estamos isolados no sul do Brasil então o custo é alto e a questão de cada estado ter uma tarifação distinta de ICM", justifica.

 

A procura por uma articulação com o governo do estado e federal para reduzir os impostos e adotar o simples nacional são discutidas constantemente. Para Bertolini essas medidas podem agregar para o vinicultor que trabalha com o turismo local, a vinícola que vende dentro do estado e localmente.