Memória LEOUVE

Os 18 do Sartori

Os 18 do Sartori

No mês que vem, o governo de José Ivo Sartori completa 18 meses. E nesse tempo todo, não tá nada fácil e nada favorável a vida do gringo no Piratini.

 

Em um ano e meio, ele aumentou impostos, subiu a alíquota do ICMS, mesmo tendo prometido que não faria isso. Ele promoveu também vários calotes na dívida com a União, convivendo com bloqueios das contas do estado, e segue mandando parcelar os salários dos servidores.

 

Não é à toa que o Governo Sartori é o terceiro pior do país, na avaliação da última pesquisa feita pelo Ibope neste ano.

 

Mas o pior é que as perspectivas não são nada positivas. É certo que o estado vive uma situação de penúria absoluta, de crise financeira extrema, e que o governo precisa sim adotar medidas duras e muitas vezes impopulares, mas já está mais que na hora de acabar com o mimimi do catastrofismo e partir para uma ação propositiva, que indique caminhos para sair da crise além da choradeira da dívida e da reclamação que o governo do PT quebrou o estado.

 

Já estamos cansados de saber disso.

 

O governo segue anunciando cortes no orçamento, cancela nomeações de policiais aprovados em concurso, suspende o pagamento de fornecedores, demite funcionários, suspende repasses a hospitais, e congela os reajustes do funcionalismo.

 

Mas a gente não vê uma política de atração de investimentos, de extinção de privilégios, medidas que, pelo menos, indiquem um caminho pra resolver os problemas estruturais das finanças públicas do estado.

 

E pelo visto, ainda não vai ser agora.

 

Nessa semana, a opção de Sartori será pressionar os deputados da base aliada pra aprovar a volta dos pedágios, com um modelo que prevê a concessão das estradas por 30 anos.

 

Olha só: eu não sou contra os pedágios, e nem contra empresas privadas explorando as estradas. Longe disso. A gente conhece modelos que funcionam, e não precisa ir muito longe. O pedágio comunitário de Portão e as estradas de Santa Catarina estão aí para nos ensinar como fazer.

 

O problema é que essa lição parece que nem foi levada em conta nesse modelo que volta à pauta da Assembleia hoje.

 

O que a gente vê é a ameaça da volta do modelo do Governo Britto: concessões que duram décadas, poucos compromissos para os concessionários e preços escorchantes para os usuários. E a gente ainda lembra que esse modelo só enriqueceu concessionários e não ampliou um quilômetro sequer a malha viária, prejudicou os usuários e encareceu os custos do transporte por longos 15 anos.

 

É isso que estaremos aceitando de novo como um cheque em branco pro governador?

 

O fato é que precisamos debater mais esse tema antes de tomar uma decisão precipitada. Se o estado não tem condições para manter ou investir em novas estradas, não seria o caso de ampliar o modelo adotado pela EGR? Ou ao menos definir um modelo com base no que definem as normas técnicas do governo federal? Ou então criar um modelo próprio, debatendo normas reguladoras que garantam investimentos para melhorar as estradas e um teto para os preços?

 

 

O certo é que a sociedade está apreensiva, a Assembleia está dividida e o estado está parado. Não está fácil a vida do gringo. Mas, com certeza, mais difícil ainda está a vida de todos os gaúchos.