Memória LEOUVE

Pode isso, Arnaldo?

Pode isso, Arnaldo?

Chefe de quadrilha. Não foi assim, com todas as letras, com grito de torcida, mas foi exatamente isso o que o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot deixou claro ao dizer que o esquema criminoso que colocou em campo o petrolão não teria prosperado sem que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva fosse o capitão do time. E Lula merece mesmo o cartão vermelho.

 

A súmula de Janot pede a inclusão de Lula nas investigações do STF sobre a Lava-jato, e junto com a notícia de que o pedido de prisão feito pelo Ministério Público de São Paulo no caso da suposta propriedade oculta do tríplex em Guarujá seguirá nas mãos do juiz Sérgio Moro fizeram a alegria da galera da oposição.

 

Os adversários do PT deliram com o que pode ser a derrota final do molusco e a vitória definitiva das oposições ansiosas por ganhar o campeonato: o cartão vermelho pra Dilma e Lula na banheira pras eleições de 2018 é a garantia do grito de campeão com várias rodadas de antecedência.

 

E esta quarta-feira é dia de jogo: hoje, o senador mineiro Anastasia vai jogar pra torcida e botar em campo um robusto relatório confirmando as denúncias de crime de responsabilidade atribuídos à Dilma e encaminhando o seu mandato pra marca do pênalti do afastamento por pelo menos 180 dias.

 

Enquanto isso, na mesma semana em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vestiu o uniforme de suspeito na polícia federal sem o mesmo alarde da torcida, sem arquibancada, sem jornalistas correndo atrás do atleta, sem cobertura pras TVs, sem pedir gol no Fantástico ou condução coercitiva, Temer se torna refém da tática dos 15 pontos tucanos para aderir ao governo, e na convocação do novo time aparece o velho sem o menor indício de qualquer rubor. Os craques de Temer são nomes escalados no mesmo escândalo da roubalheira da Petrobrás que, no final das contas, seria o principal motivo pra queda do governo pra segunda divisão.

 

Mas o professor Temer tá tranquilo, tá favorável, e ele disse que nem pensou se vai ficar constrangido em ser substituído pelo Presidente da Câmara e réu Eduardo Cunha na presidência. Afinal, tudo isso faz parte do jogo.

 

E com todo esse barulho, eu e você aqui, seguimos na torcida, de verde e amarelo ou de vermelho, petralha ou coxinha, batendo panela e sem saber pra que time mesmo a gente está torcendo nesse jogo jogado.

 

E, na cara do gol, a gente se dá conta que a regra não é sempre tão clara assim, e antes do apito final só nos resta perguntar: pode isso, Arnaldo?