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Investigação da morte de jovem completa três semanas perto do desfecho em Caxias

Investigação da morte de jovem completa três semanas perto do desfecho em Caxias


Está próximo do desfecho a investigação policial em torno do crime que vitimou o jovem marceneiro Douglas Michael Vingert Adams, 22 anos, no dia 10 de abril, em Caxias.

 

Ele foi morto com uma facada no tórax que o atingiu o coração, na rua 13 de junho, bairro Jardim Eldorado. As câmeras de segurança flagraram toda a ação e três testemunhas prestaram depoimento.

 

O agressor desceu do quinto andar do bloco D de um prédio e atacou Douglas.

 

Segundo o reponsável pelo inquérito, delegado Rodrigo Kegler Duarte, a prisão preventiva do suspeito só depende da Justiça. Ele já prestou depoimento e alegou legítima defesa, o que é contestado pela mãe do rapaz.

 

"Não discutiram. Não se conheciam. Meu filho não era acostumado a ir naque naquele bairro. Foi levar lá um morador que tinha se mudado há três meses para aquele bairro. Ele era meu vizinho aqui, um cara casado. Era amigo dele. Eles tinham ido montar uns móveis em Ipê, em um tio desse amigo dele. Foram lá descarregar coisas que ele tinha ganhado desse tio. Eles não discutiram. Meu filho era um guri calmo. Não entendo o que aconteceu. O cara matou ele por trás", desabafa a vigilante Fabiana Vingert, 40 anos, mãe de Douglas.

 

Ela reforça o depoimento das testemunhas de que eles não escutavam som alto e que o barulho que incomodou o vizinho pode ter sido a queda de uma caixa de ferramentas. "Eu quero justiça. Eu quero provar que meu filho não era esse cara que estão falando. Não tinha som alto no carro dele, que era um Fiat Uno com som original. Era um rádio simples. Não tinha caixa de som, nada. Meu filho era um guri trabalhador", garante.

 

"Meu filho não tinha confusão com ninguém. Meu filho fazia móveis sob medida à tardinha e nos finais de semana. Tem clientes da empresa que ele trabalhava que me pede para fazermos justiça porque ele era um guri muito querido. Era um guri calmo. Não é porque é meu filho, todo mundo que conhecia ele sabe que era um guri muito educado. Não teve legítima defesa porque o cara desceu do quinto andar do prédio, atravessou a rua e matou meu filho por trás. É uma loucura a polícia escutar que houve legítima defesa uma coisa dessas. Matar por trás é legítima defesa?", questiona.

 

A mãe se revela magoada com a polícia, por não ter prendido em flagrante o agressor.

 

"A delegada poderia ter pedido a prisão em flagrante na hora e não pediu. Eu não entendi por que. Ela me disse que ele fugiu e não dava mais flagrante. Só que ela podia ter pedido a prisão. Eu implorei para o inspetor que pedissem a prisão. O que ele fez para o meu filho não tem perdão. Se o meu filho fosse drogado, marginal ou vagabundo eu não estaria cobrando nada da polícia. Mas ele não era então eu quero justiça. Se ele tivesse rolo por aí eu não estaria da polícia, mas como ele não tem eu quero justiça", reafirmou.

 

"Ele deixou uma filha de 1 ano e 10 meses. É muito triste ver ela pedindo pelo pai e não termos o que dizer. Ele amava muito essa filha. Era ele que sustentava a criança. Estamos correndo atrás de pensão porque ela mora em Porto Alegre de aluguel e está desempregada. Eles eram separados, mas o meu filho sustentava eles. Esse marginal tirou a vida do meu filho e deixou esse anjo agora desprotegido", finalizou a mãe.

 

O delegado confirma a versão de que vítima e agressor não se conheciam. Ele também descarta qualquer possibilidade de problema antigo. Não havia questões passionais envolvidas, nem dívidas, sequer desacordo. "Foi uma coisa de momento", disse o delegado.

 

O acusado se apresentou à polícia e alegou legítima defesa. No inquérito, o delegado pede a prisão do suspeito e cita até qualificadores para o crime, que será analisado pelo Ministério Público e Poder Judiciário.

 

Ouça a entrevista com a vigilante Fabiana Vingert, mãe de Douglas: