Comportamento

Estiagem no Guaíba e Gravataí prejudica atividades e causa novas ações na região Metropolitana

Gestores públicos promovem mudanças no abastecimento enquanto aguardam melhora na vazão de água

Estiagem no Guaíba e Gravataí prejudica atividades e causa novas ações na região Metropolitana
Foto: Mauro Schaefer


A estiagem segue castigando duramente a área do Guaíba, em Porto Alegre, bem como os mananciais que abastecem a região Metropolitana. Seja afetando a navegação, ou a captação de água aos produtores rurais, o nível baixo dos rios causa comprometimento das atividades e provoca mudanças por parte dos gestores públicos, bem como de toda a população. Em Gravataí, o Boletim de Estiagem da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, divulgado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), apontou pela primeira vez na temporada 2022/2023, apenas dois centímetros de água, caracterizando nível crítico.

As captações aos agricultores locais estão suspensas de forma permanente desde o dia 24 de dezembro do ano passado. Para evitar o total desabastecimento, a Corsan começou a construir, na última quinta-feira, uma contenção de um metro de altura no Rio Gravataí no bairro gravataiense de Mato Alto. A intenção da obra é represar a água que será desviada do Banhado dos Pachecos (Barragem do Incra), na cidade de Viamão, por sete quilômetros, e ainda volume estimado de 400 litros por segundo. A medida deve garantir o bombeamento de água por 50 dias, pelo menos.

Já no Passo das Canoas, popular balneário próximo a ERS-118, os 3,2 milímetros de chuva na quinta elevaram um pouco a medição da régua da Sema para 63 centímetros ontem pela manhã, o que também ainda é considerado insuficiente. Em Porto Alegre, a situação não é diferente. A mesma chuva da última quinta-feira fez o nível do curso d’água se elevar para 72 centímetros na noite de sábado, de acordo com a medição da Sema no Cais Mauá. Na manhã de ontem, porém, o nível voltou a cair para 52 centímetros.

A média histórica para o mês de janeiro, apontam dados da MetSul Meteorologia, é de 47 centímetros. O normal para manutenção a pleno do abastecimento é de 80 centímetros. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) segue observando a situação, e, na semana passada, afirmou que não havia presença de algas ou outros organismos que modificassem a cor da água para um tom esverdeado ou alterasse o gosto da mesma. Em fevereiro de 2018, também durante uma estiagem, macrófitas, ou aguapés, causaram transtornos ao abastecimento na Capital.

Os bairros que podem ser mais afetados pelo baixo nível do Guaíba são principalmente os localizados no Extremo Sul e zona Leste, junto ao Sistema Belém Novo: Aberta dos Morros, Belém Novo, Boa Vista do Sul, Campo Novo, Chapéu do Sol, Extrema, Hípica, parte de Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro, Pitinga, Ponta Grossa, Restinga e São Caetano. Moradores destes locais devem permanecer atentos. Quanto à navegação nos cursos d’água da região, houve mudanças por parte dos serviços da CatSul, que administra o serviço do catamarã entre Porto Alegre e Guaíba, e a PortosRS, responsável pela navegação fluvial gaúcha.

O gerente de Planejamento e Desenvolvimento da PortosRS, Fernando Estima, disse nesta semana que não havia riscos em geral para efetuar a logística sobre as águas, mas o canal de navegação marítima teve redução no nível, o que compromete a circulação de navios e o quanto cada embarcação pode levar consigo. Já no catamarã, houve a decisão de reduzir a velocidade em determinado trecho no sentido de Guaíba à Capital para não haver o risco de colisão em objetos subaquáticos, como pedras. A CatSul também lançou mão de utilizar barcos com o calado, ou seja, a parte que fica submersa, menor. Tal medida pode provocar atrasos de até cinco minutos nas viagens.

Fonte:Felipe Faleiro / Correio do Povo