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Aos 97 anos, idoso de Caxias do Sul é tetravô e família chega a 6ª geração

Setembrino Carvalho teve uma vida sofrida na roça e hoje é cuidado pelas filhas e netos

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)


Quem dera que todos pudessem alcançar a longevidade e rodeados com carinho por toda a família. Esse feito foi conquistado pelo seu Setembrino Rodrigues de Carvalho, de 97 anos. Uma vida longa e sofrida, mas com o alento de familiares que agora cuidam para que o idoso tenha o melhor conforto que poderia receber.

A vida de Setembrino

O idoso nasceu em uma fazenda no interior de Ibiaçá, região Noroeste do Rio Grande do Sul, na época, pertencente a Lagoa Vermelha. Setembrino viveu cerca de 80 anos na colônia e quando mais jovem, trabalhava com plantações e cuidava do sítio onde vivia, com sua esposa e seus dez filhos. O idoso conta um pouco de sua história com muita emoção ao lembrar de sua falecida esposa e após a dispersão dos filhos para a cidade. “Eu residi por 80 anos na colônia. Depois não podemos mais trabalhar eu e minha mulher, e viemos para Caxias, morar com os filhos. Ela (esposa) já se foi e eu, fiquei “peregrinando” por aí. Minha família sempre foi muito unida, tanto quando morávamos na colônia como aqui na cidade. Somos todos unidos”.

O idoso também contou que a vida na roça e o jeito simples de se viver não deixava obter maquinários para auxiliar nas demandas. “Eu só não possui maquinário para fazer plantação. Criei bastante gado, ovelha, porco, e graças a Deus nunca deixei faltar nada para minha família lá na colônia. Sempre teve conforto”.

Seu Setembrino é cuidado por suas filhas e netas, que possuem muito zelo pela vida dele. Há 17 anos ele vive em Caxias do Sul com uma de suas filhas, que cuida dele ajudando nas necessidades básicas do dia a dia. Aos finais de semana, os outros filhos se revezam para cuidar do pai.

Uma das filhas, Maria Helena Carvalho, relata um pouco de como foi a vida com os pais. Ao lado de seu Setembrino ela brincou que ele é “dengoso”, pois recebe todo o mimo das filhas. “Ele quer que fiquemos paparicando. Mas ele merece, minha mãe também foi muito bem cuidada. Não temos do que reclamar deles, pois sempre foram pais presentes, nos momentos bons e ruins e nunca deixaram faltar nada”. 

Ela lembra também sobre a infância, junto dos pais e dos irmãos e a vida difícil do campo. “No sítio a gente sabe que é difícil. As crianças não tinham brinquedo como aqui, festinhas, minha mãe sempre dava um jeito. Ela saia vender alguma coisa e já vinha com os presentes. Pra mim foi ótima essa vida, minha infância. Depois tabalhei com eles, a gente tinha a oportunidade e eles sabiam nos educar. Eu casei muito cedo, com 15 anos, aos 16 já fui mãe, por isso a família bem extensa. Minhas filhas hoje continuam com o mesmo sistema do meu pai, estão sempre a minha volta”. Maria Helena também relata que um fato mais marcante que tem na memória são o momentos com o avô, pai de seu Setembrino. “Meus pais iam para a lavoura e eu ficava com meu avô. Ele me contava causos, enchia chimarrão, aprendi a fumar com ele. E meu pai, Deus livre, se nós fizessemos essas coisas perto dele”.

Ensinamentos passados de geração em geração

Neta de seu Setembrino, Marli Carvalho de Oliveira, relata que é uma honra ter o avô junto além da idade que possui e conta que os ensinamentos serão passados por muitas gerações. “Eu fico muito feliz por ele fazer parte ainda da nossa vida, espero que continue por mais um tempo. Eu passei um tempo morando com eles no sítio juntamente com minhas irmãs. Lá nós brincávamos muito de fazer casinha no mato. Também fui muito cedo para a roça, meu avô ensinou ir para o trabalho na roça cedo. Com 5, 6 anos já arrancava soja. Tenho o meu avô como um pai para mim, ele sempre ajudou. Meu avô ensinou a economizar e administrar os bens”.

O idoso agora possui o carinho de toda a família, que vive perto. Sua família atingiu a 6º geração, sendo que a sua trineta mais velha possui uma filha bebê.