O lucro das empresas de capital aberto caiu no terceiro trimestre de 2022, aponta levantamento inédito realizado pelo TradeMap.
Segundo a pesquisa, o lucro destas empresas despencou 39,5% no período. Em número absolutos, o volume registrado caiu de R$ 54,1 bilhões para R$ 32,7 bilhões.
A análise considera valores no padrão contábil, sem ajustes extraordinários ou correção pela inflação.
Para Sérgio Castro, analista do TradeMap, a queda no lucro tem duas principais causas: o maior custo de produção; e o elevado nível de dívida. “A maior inflação do período acumulado em 12 meses fez com que o custo de produção crescesse em maior ritmo que as receitas, mesmo com deflação no 3º trimestre”, afirma.
Castro coloca ainda que os números indicam que o repasse da inflação para os preços dos produtos pode não ter sido suficiente para cobrir a elevação dos custos com matérias-primas, causando dilemas para todas as empresas, independentemente da indústria em que atuam.
Conforme o levantamento, quando analisado o resultado financeiro do período, nota-se desempenho negativo de R$ 41,1 bilhões, valor este que impacta o lucro das companhias analisadas. No mesmo período de 2021, o resultado financeiro também foi negativo, de R$ 34,7 bilhões.
Já dívida líquida das empresas aumentou 44,5%, enquanto o caixa teve redução de 4,1%.
Segundo o analista, vale ressaltar a maior alavancagem das empresas, que tiveram que captar mais dívidas e queimar parte do caixa, seja para fazer novos investimentos, pagar parte de dívidas que já tinham ou mesmo para poderem postergá-las.
“O maior volume de dívida somado à elevada taxa de juros, de 13,75%, se reflete no aumento das despesas financeiras da empresa, que, por sua vez, corrói os lucros”, pontua Castro.
A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) anualizado no terceiro trimestre de 2022 foi de 13,21%, redução de 5,08 pontos percentuais ante mesmo período em 2021.
Análise
O levantamento considerou 335 empresas listadas na B3 e com demonstrações financeiras apresentadas no terceiro trimestre de 2021 e de 2022, respectivamente, bem como empresas que abriram capital na Bolsa em 2021, com balanços do segundo trimestre disponíveis na CVM.
O estudo desconsiderou os resultados de Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Braskem (BRKM5), visto que registraram lucros historicamente elevados no trimestre e que, se fossem consideradas, trariam grandes distorções para a análise geral.
Fonte: Money Times