O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) caiu 4,04% em setembro, o que representa a quarta diminuição seguida, como calculado pela Farsul. A queda é importante principalmente para que os preços não subam expressivamente no futuro. “Caso os preços inflacionem, vão partir de uma base mais baixa, então se a gente tem deflação agora tem mais possibilidade de ter um preço menor no futuro, se o produtor comprou antes este ano, no ano que vem ele tem mais chance de fazer negócio melhor, é essa a ideia”, considera a assessora econômica da Farsul Danielle Guimarães.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, reforça que o benefício maior da deflação não ocorre agora. De acordo com ele, a maioria dos produtores já comprou os insumos, assim, alguns compraram por preços menores, outros por mais caro, mas, como o plantio já iniciou, poucos estão comprando agora. “Então muito poucos aproveitaram toda essa baixa”, diz o economista-chefe.
O principal fator de queda do IICP foi o preço dos fertilizantes, como também ocorreu nos meses anteriores, de acordo com o relatório da Farsul. Por isso, segundo Da Luz, o setor de grãos é o que mais beneficia-se. “Para os principais grãos, os fertilizantes têm um peso médio de 30% nos custos”, acrescenta a assessora econômica da Farsul Danielle Guimarães. Ela também admite que a maioria não tem como aproveitar essa vantagem agora. “Na prática esse momento é um momento em que a maioria das pessoas já formaram o custo, então tudo vai depender da organização dos produtores, mas se alguém ficou esperando é uma oportunidade”, diz.
Essas sucessivas quedas são fruto de uma expectativa não confirmada: Danielle lembra que o IICP teve uma alta acumulada significativa no ano passado, de 51,39%, também puxada pelos fertilizantes. Estes tiveram aumento nos preços por uma expectativa de oferta insuficiente em decorrência do conflito entre Ucrânia e Rússia. Porém, as expectativas não se confirmaram, o que justifica a queda nos preços. “O que observamos é que o Brasil está conseguindo importar, a queda é um reflexo de que o mercado está percebendo que temos sim acesso aos fertilizantes”, explica Guimarães. Segundo ela, esse é um movimento que economistas já estavam esperando, já tendo observado que as expectativas de escassez não se confirmaram.
A assessora econômica acrescenta que, se a situação permanecer como está, é provável que os preços se estabilizem ou até apresentem novas quedas nos últimos três meses do ano, mas ela não espera que essas quedas sejam significativas. “Já secou a margem a que se tinha para a queda nos fertilizantes”, diz. “Mas depende do cenário internacional, principalmente na questão do conflito, o produtor esta dependendo muito de coisas que ele não controla”, pondera a assessora econômica. “O que o produtor pode fazer é observar os preços e fazer a gestão de seus custos”, finaliza.
Fonte: Correio do Povo