Comportamento

Por superstição, abelhas de Elizabeth II foram informadas da morte da rainha

Pode parecer bizarro, mas informar a esses insetos sobre a morte dos monarcas faz parte de uma superstição seguida por séculos no Reino Unido

Foto: John Chapple/Reprodução
Foto: John Chapple/Reprodução

“A senhora está morta, mas não vá. Seu mestre será um bom mestre para você”. Foi com essa frase que o apicultor real John Chapple, de 79 anos, informou as milhares de abelhas criadas nos jardins do Palácio de Buckingham sobre a morte da Rainha Elizabeth II, na sexta-feira (9/9). Assim que soube da morte da Rainha, o cuidador de colmeias se dirigiu até a propriedade para cumprir a superstição mantida há séculos na monarquia.

Foto: John Chapple/Reprodução

Pode parecer bizarro, mas informar a esses insetos sobre a morte dos monarcas faz parte de uma tradição seguida por séculos no Reino Unido. Acredita-se que, se as abelhas não forem avisadas e passarem pelo momento de luto, elas deixariam a colmeia, parariam a produção de mel ou até morreriam.

Para comunicar o luto oficial das pequenas abelhas, John amarrou uma faixa preta em torno de cada uma das cinco colmeias que estão no Palácio, faz uma oração e conta, em tom ameno, a notícia cruel enquanto dá leves toques nas casas dos insetos.

“A pessoa que morreu é o mestre ou a senhora das colmeias existentes no lugar. Se alguém importante na família morre, você tem que ficar sabendo, não é?”, questiona John ao justificar a prática para o jornal britânico Mail Online.

O costume também foi realizado na Clarence House, outra residência oficial ligada ao Palácio, onde há duas colmeias. Ao todo, cerca de 20 mil abelhas foram avisadas da morte da monarca mais longeva do Reino Unido.

Se a morte da rainha ocorresse no verão londrino, John afirma que seriam mais de um milhão de pequenas produtoras de mel a serem avisadas. De acordo com o apicultor, a maioria das abelhas são da espécie europeia escura, especificamente mestiças de Londres.

Apicultor trabalhava há 15 anos com abelhas quando foi contratado pelo Palácio de Buckingham
Antes do Palácio, John já trabalhava com apicultura há 15 anos, sendo 30 anos no total — ele chama de hobby, já que é aposentado e encontrou no cuidado das abelhas uma forma satisfatória de passar o tempo e ter qualidade de vida.

“Tudo começou com o amor da minha esposa pelo mel. Passei a desenvolver o mel ao manter abelhas na minha casa. Isso me levou a todo o mundo, conheci pessoas maravilhosas e vi belas paisagens que só os apicultores podem ver”, lembrou.

Há 15 anos, John estava em casa entre algumas viagens para ver colmeias e, ao checar o e-mail, recebeu um convite inusitado: o jardineiro-chefe o chamou para conversar sobre abelhas no Palácio. ”Achei que eles tinham um problema com elas, mas fui informado que eles queriam criar os insetos no Palácio. Desde então cuido delas”, lembra.