Talvez este artigo venha quebrar referências uma vez que enfrenta a questão dogmática – as verdades imutáveis que nos amoldamos e habituamos com elas. Assim, desculpem-me antecipadamente, se alguma frase venha provocar algum desconforto ideológico inacreditável ou indescritível.
A expressão “Filho do Homem” é proferida diversas vezes na Bíblia Sagrada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Era uma denominação de si mesmo que teria vindo para “Semear a Boa Semente”.
Há uma diversidade de interpretações teológicas desta informação. Por vezes ainda, Ele exalta o “Pai” dizendo que tudo faz em nome Dele, inclusive tendo o poder de “perdoar pecados”.
Certamente a afirmação de ser filho do homem não se refere à questão biológica do seu eminente progenitor José, pois seria uma redundância desnecessária. Mas então, qual o verdadeiro sentido desta elocução?
As duas formas interpretativas mais conhecidas das Letras Sagradas levam o nome de semântica (literal) que é o significado genuíno da escrita e a hermenêutica que engloba a questão interpretativa ou “codificada” de quem está proferindo a expressão. Contudo, este conflito interpretativo, no sentido de qual interpretação utilizar, muitas vezes é usado por aproveitadores da fé, com a velada intenção de captar a veneração dos fiéis, retirando vantagens particulares disso.
Para decodificar esta afirmação é necessário realizar uma distinção entre corpo e espírito. Jesus diz que é preciso “morrer para o mundo e nascer para Deus”. Ora, o que perece ou morre não pode ser criação divina, mas sim o que é eterno e imorredouro. No entanto, embora o espírito seja imortal não significa que é imutável ou involutivo. E é exatamente esta a razão estratégica do processo de criação do corpo humano, para que o indivíduo tenha uma evolução constante e permanente, servindo de invólucro espiritual.
Mas então, quem criou o “homem”?
O “homem criou o homem” por isso nosso Mestre Maior usou esta expressão de ser “Filho do Homem”. Sendo assim, esta é uma frase que deve ser interpretada de forma semântica ou literal, pois é exatamente isso que Ele quis dizer e não podemos crer que iria nos faltar com a verdade. Contudo, obviamente sabia que somente com o passar dos séculos esta informação poderia ser devidamente compreendida.
Reflitamos sobre o grau de ascensão de Jesus, no qual possui conhecimentos de manipulação de elementos que, mesmo após dois mil anos, a ciência ainda não compreendeu. Somem ao conhecimento dos dias atuais mais dois mil anos, onde estará nossa ciência?
Aliás, temos notícia de que a tecnologia já é capaz de criar órgãos para que possam ser transplantados em pessoas convalescidas por alguma doença, restabelecendo sua condição saudável. Ou seja, o corpo humano pode ser criado pelo próprio homem, embora a ciência tenha muito por avançar para finalizar esta “obra” ou reeditar o que já foi engendrado.
Portanto, é perfeitamente compreensível que o processo encarnatório ou reencarnatório foi criado pelos “Filhos de Deus”, justamente para auxiliar na evolução do espírito que é Criação Divina, sendo esta a forma sublime de manifestação celestial, onde o processo de aperfeiçoamento dos seres ocorre com o auxílio mútuo entre os entes da criação, onde muitas vezes são chamados de “Deuses”. Em realidade, são centelhas de luz, que nos inspiraram em todos às épocas e continuam a inspirar, como guias em busca da verdade interligada à “Luz Maior”, Criadora de tudo e de todos.
O que foi escrito acima é explicado pela hermenêutica bíblica em DANIEL 7:4, descrevendo seu sonho, numa analogia com a evolução da espécie humana conforme Darwin. Desde a formação da atmosfera terrestre, as precipitações pluviométricas que deram condições para o surgimento da vida animal, tais como bactérias, microrganismos, répteis, aves e finalmente os mamíferos. Uma lenta preparação do corpo humano para receber o espírito Divino.
DANIEL 7:4 “O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem”.
Escrito por Mauro Falcão, em 10.08.2022, para o Portal Leouve e Página Tábuas da Verdade do Facebook.