O Brasil exportou menos café aos países árabes no ano-safra 2021/2022. O período calcula as sacas embarcadas entre julho do ano passado e junho deste ano. A quebra foi de 51,3% em volume, totalizando 1,09 milhão de sacas 60 quilos. Em receita também houve queda foi de 8%, com US$ 210,5 milhões gerados no período atual frente ao ano-safra anterior. Os dados fazem parte do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O desempenho dos embarques com destino aos países árabes afetou a participação do bloco no setor. Os árabes tinham uma fatia de 4,9% do mercado no ano-safra 2020/2021, e terminaram com apenas 2,8% neste novo período.
No total das exportações, no entanto, o Brasil obteve receita recorde de US$ 8,1 bilhões. O valor significa alta de 38,7% na comparação com o ciclo 2020/2021. Em favor da receita, um dos fatores principais está a valorização do dólar. Já o volume total na safra 2021/2022 foi de 39,6 milhões de sacas enviadas ao redor do globo, uma queda de 13,3%.
Em seu relatório, o presidente do Cecafé, Günter Häusler, lembrou que entre os fatores que influenciaram essa redução estão o ciclo de bienalidade baixa das lavouras de arábica. A bienalidade indica que a cultura do café tem ciclos que intercalam alta e baixa produtividade. Também foram desafios citados por Häusler os custos altos de frete, cancelamentos de bookings, rolagens de cargas e menor disponibilidade de contêineres e espaço nas embarcações.
Os dados de junho deste ano são mais favoráveis ao país, mostrando que o Brasil embarcou 3,144 milhões de sacas ao exterior, volume 2,1% maior do que no mesmo mês de 2021. Em receita, o aumento foi de 69,9%, com os embarques rendendo US$ 733,8 milhões ao país.
Já a exportação de carne ovina aos árabes, o Brasil é líder em exportação de proteína halal, especialmente das carnes bovina e de frango. Porém, ainda não tem tradição nas exportações de carne de ovinos, mas em 2021 embarcou para o exterior 62 toneladas e faturou US$ 531 mil, o que representou alta de 11,6% no volume embarcado quando comparado a 2020.
Com um rebanho nacional de mais de 19 milhões de animais, segundo o IBGE, sendo 60% no Nordeste e 40% no Sul, a carne ovina tem importante potencial para expansão para além das fronteiras brasileiras. Segundo o Relatório da OCDE-FAO Perspectivas Agrícolas 2021-2030, sobre o crescimento no consumo global de proteína de carne, a previsão é de que o consumo global de carne ovina crescerá 15,7% até 2030. Atualmente, a Ásia e o Oriente Médio são os maiores importadores de carne ovina da Austrália (um dos maiores produtores de carne ovina).
Além disso, o Brasil já consolidou uma relação de credibilidade com os países árabes, tendo em vista que as normativas sanitárias e as certificações realizadas pelo país comprovam a segurança nos produtos comercializados junto aos consumidores muçulmanos, além de já contarmos com uma logística estabelecida pelos embarques de outras carnes, o que poderá facilitar e fomentar a exportação de carne de ovinos.
“O mercado halal é amplo e promissor. Com quase 1/3 da população mundial e com movimentação de mercado em torno de US$ 5,74 até 2024, esses países estão ávidos por parceiros comerciais que oferecem qualidade e segurança em seus produtos. Já conquistamos esse espaço com as carnes bovinas e de frango, tornando o Brasil líder global em exportação halal dessas proteínas. Com as portas já abertas para nossos produtos, a entrada de proteínas como a ovina, que é uma demanda existente e crescente nesses países, torna-se uma realidade possível e promissora”, explica o diretor de Operações da CDIAL Halal, Ahmad M. Saifi.
*Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe