Caxias do Sul

Maio encerra como o mês mais violento de 2022 em Caxias do Sul

Foram 15 homicídios

Foto: Mauro Teixeira / Grupo RSCOM
Foto: Mauro Teixeira / Grupo RSCOM


O ano de 2022 segue com altos indicies de violência em Caxias do Sul, principalmente no número de homicídios. No total, foram 37 mortes violentas registradas. O mês de janeiro registrou o menor número do ano. Foram quatro mortes. Fevereiro e abril registraram cinco mortes, respectivamente. Em março o número também foi alto, com oito crimes contra a vida.

Maio violento

Maio foi de longe o mais violento até agora. Foram 15 homicídios no total, sendo nove na primeira quinzena. Já no terceiro dia do mês, três jovens, todos com 18 anos, morreram de forma violenta.

Gabriel Teles Rosa de Mello e Kauã Souza de Abreu, foram mortos a tiros dentro de uma residência na Rua da Glória, no bairro Cruzeiro, Zona Leste. Conforme informações colhidas no local, os criminosos chegaram a pé, subiram uma escadaria e invadiram uma casa. Eles renderam as pessoas que estavam na residência, levando os dois jovens para o quarto e o restante para outro cômodo. Os indivíduos forçaram às duas vítimas a se ajoelharem no chão, momento onde dispararam contra eles na região da cabeça. Os dois morreram na hora.

Na mesma noite, Guilherme Pagnonceli da Silva, também de 18 anos, foi morto com disparos de arma de fogo. O crime ocorreu na esquina das ruas Amábile Fontana (rua sem saída) com Henrique Fracasso, no bairro Fátima. De acordo com testemunhas Pagnonceli estava caminhando na via quando foi alvejado por cinco disparos de arma de fogo. Dois atingiram a região do tórax e três na cabeça.

No dia seguinte (04/05), Jeferson Rosa dos Santos, de 37 anos, foi alvejado por disparos de arma de fogo na Rua Rachel Cousseau, bairro Mariani. De acordo com o Corpo de Bombeiros, eles foram acionados por volta de 23h, para atender um incêndio criminoso. No local, os militares encontraram uma casa em chamas, onde Rosa estava caído na porta já sem vida, alvejado por tiros. Testemunhas relataram que ouviram os disparos e logo em seguida a casa foi incendiada pelos criminosos.

Três dias depois (07/05), Rodrigo Antonio de Bittencourt, 42 anos, foi morto a facadas. Conforme informações, o crime ocorreu na Rua Ardo Zati, na região do bairro Salgado Filho, por volta de 00h15min. A Brigada Militar foi acionada para ir ao endereço onde encontrou a vítima já sem vida. Populares relataram que houve uma briga, provavelmente causada após uma discussão por uma manobra de estacionamento em via pública. A vítima fatal estava tentando estacionar uma moto Yamaha, quando o condutor de um veículo de passeio, um Renault Clio, acabou desferindo os golpes com arma branca.

No dia seguinte (08/05), Égon Vieira da Silva, 29 anos, por volta da meia-noite, foi encontrado morto na Rua Assis Brasil, no Beco 10, no bairro Jardelino Ramos, com ferimentos por arma de fogo. De acordo com o boletim de ocorrência, Vieira e a namorada estavam estacionados com o veículo Corsa de cor branca, na rua e viram um homem se aproximar a pé, ambos imaginaram que era um morador da região. O homem ao se aproximar do veículo, sacou de uma arma de fogo e atirou quatro vezes em Égon e uma vez na namorada. A mulher conseguiu sair do veículo antes de ser atingida e viu o autor se evadir pela Rua Ernesto Alves.

Cinco dias depois (13/05), Allisson Eduardo de Brito dos Santos, 28 anos, foi morto a tiros enquanto comemorava seu aniversário na Vila Ipê, Zona Norte de Caxias do Sul. O crime ocorreu por volta de meia-noite, na Av. Antônio Andriguetti, próximo à Unidade Básica de Saúde do bairro. Conforme o delegado plantonista Ives Trindade, logo em seguida ao ataque, o irmão da vítima, teria dado entrada na Upa Zona Norte com ferimentos de faca. Também foi encontrado nas proximidades, na rua dos Quero-quero, um veículo Celta parcialmente incendiado, de acordo com o boletim de ocorrência, os três crimes foram realizados pelos mesmos indivíduos.

No mesmo dia, Daniela Oliveira da Silva, 20 anos, foi morta a tiros no bairro Planalto. A vítima era natural de Porto Alegre e estava na cidade há cerca de um mês. Ela foi atingida por pelo menos 20 disparos de arma de fogo de diversos calibres, contabilizados pela perícia. De acordo com informações de testemunhas, dois dos três homens entraram na casa desferindo os disparos contra a vítima, enquanto um deles ficava na porta observando a movimentação.

No dia seguinte (14/05), Marivane Geraldina Cavalheiro de Oliveira, de 49 anos, e Ari de Oliveira, de 55, foram encontrados mortos dentro de casa no bairro de Galópolis, no interior do município. Conforme o boletim de ocorrência, um familiar encontrou os dois mortos no interior da residência. O Samu esteve no local e constatou ferimentos por arma de fogo nos dois corpos. A polícia trabalha com a possibilidade de o homem ter matado a companheira (feminicídio) e depois ter cometido suicídio.

Dois dias depois (16/05), um casal foi morto a tiros no início da manhã no Loteamento Campos da Serra VII. Eles foram identificados como Fabiano da Silva, de 36 anos, e Dara Natalie Rodrigues de Souza, de 24 anos. O crime ocorreu por volta das 6h30min e, conforme informações, criminosos entraram encapuzados no apartamento do Bloco B e efetuaram os disparos contra os dois que estavam dormindo em um quarto. Após, os criminosos fugiram em um veículo de cor branca, modelo Fox.

No mesmo dia, Anderson Gomes, de 38 anos, e Larissa Maria Barbosa da Silva, de 14 anos, morreram baleados no início da noite no bairro Vila Leon. De acordo com o boletim de ocorrência policial, o tiroteio aconteceu por volta das 18h30min, quando ao menos dois indivíduos pararam em uma residência localizada na Rua Agostinho Pontalte, esquina com a Rua Rosana Prezi Batisti, e dispararam contra um homem, Cassiano William Barbosa, 27 anos, o qual foi encaminhado ao hospital e foi a óbito no dia seguinte (17/05). Neste tiroteio, os criminosos acabaram atingindo acidentalmente a jovem Larissa, com calibre 12”. Ela chegou a ser encaminhada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na mesma noite. Na fuga dos indivíduos (em um Fiat Palio, cor prata), eles se depararam com Anderson que, a princípio, estaria com seu veículo Chevrolet Kadett em pane elétrica. No carro, estava sua esposa e filho. Ele parou o automóvel para checar os faróis, momento em que ouviu os disparos, e, assustado, acabou correndo cerca de 200 metros de onde estava seu veículo em direção a Rua Guilherme Franzoi, sendo que foi perseguido pelos autores e alvejado por disparos de arma de fogo. Ao menos quatro tiros, calibre 9mm, acabaram acertando-o. Ele morreu na hora.

No dia (18/05), maio registou a última morte violenta na cidade. Carla Aparecida dos Santos, 43 anos, foi morta com diversos golpes de faca dentro de uma residência localizada na Rua Vitório Tomazonni, quase esquina com a Rua Ângelo Prezzi, no Loteamento Vitória, em Caxias do Sul. O fato aconteceu por volta das 17h10min quando seu ex-companheiro, de 46 anos, matou Carla a facadas. No local foi encontrado um martelo que, possivelmente, também pode ter sido usado para agredir a vítima. Após o crime, o autor teria tentado se enforcar, sendo que depois usou uma faca e cortou o próprio pescoço. O Samu foi acionado por populares, porém, a mulher já se encontrava em óbito no local. O autor foi encaminhado ao Hospital Pompéia para atendimento, sendo que ele ficou sob custódia da polícia. Conforme informações da família da vítima, o homem foi solto dias depois.

Novo comando

O delegado Augusto Cavalheiro Neto assumiu a coordenação da Delegacia Regional da Polícia Civil da Serra Gaúcha (com sede em Caxias do Sul). Em entrevista com o Portal Leouve, o delegado relatou que ações já foram e estão sendo tomadas para conter a criminalidade em Caxias do Sul.

Estamos atentos a essa situação, juntamente com a Polícia Militar, com a Polícia Rodoviária, com os órgãos de segurança do município. Já desenvolvemos ações e estratégias. Fizemos operações junto com a Susepe para frear e nós estamos há mais ou menos 15 dias sem nenhum crime violento vinculado a facção/tráfico de drogas e esperamos que assim permaneça, pois se não for, teremos que pensar em outras medidas para frear esta criminalidade para números aceitáveis, mas espero que não seja preciso” finalizou o delegado.