Leonardo Bertelli Piveta
Leonardo Bertelli Piveta

É fato que o ser humano preza por segurança. Se não fosse assim, as seguradoras não existiriam, automóveis viriam sem cinto e airbag. Quando falamos de investimentos é a previsibilidade que alimenta este sentimento, pois é através dela que o empresário ou investidor planeja suas ações futuras e decide sobre a viabilidade de ampliar o negócio, contratar funcionários, comprar maquinário.

Neste sentido, os bancos centrais nos últimos anos transformaram-se nos moderadores dos mercados. Eles acalmam nas crises e causam euforia nas altas. Trabalham para que choques não aconteçam e, desta forma, os investidores saibam exatamente quais serão os rumos da economia. As decisões dos bancos centrais lembram um pai que brinca de atirar a bola para o filho. O pai pega a bola na mão e começa a dizer: “Olha que eu vou jogar, olha que eu vou jogar, olha que eu vou jogar. Joguei!” Os presidentes dos BC’s têm feito a mesma coisa, passam meses falando o que vão fazer para o mercado preparar-se. Olha que eu vou subir o juro, olha…

Na quarta-feira tivemos as decisões dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e do Brasil, seguido pela decisão do Banco Central da Inglaterra. Todos agindo na mesma direção: aumento de juros, como esperado. Uma política contracionista. Em outras palavras, tornando mais caro pegar dinheiro emprestado na tentativa de conter a inflação que está devastando o poder de compra dos trabalhadores no mundo todo.

A verdade que está por trás destas decisões eles não contam. O aumento de juros pouco tem impactado no controle da inflação. Os preços continuam subindo. Não precisa ter doutorado em economia para perceber isso. A grande questão é que só causando uma recessão os bancos centrais baixariam a inflação. Embora jurem de pés juntos que não deixarão as economias andarem de marcha ré.

Deste modo, conviveremos com inflação por mais tempo do que o divulgado. Não vejo inflação menor do que 10% neste ano aqui no Brasil. Os analistas têm subido suas previsões ao longo do ano. Por isso, quem estiver posicionado para se proteger da inflação nos próximos dois anos tende a se dar bem.