Comportamento

Mês da Mulher: Os desafios enfrentados no ambiente profissional

Profissionais atuantes em duas penitenciárias de Caxias do Sul falam sobre suas atividades, consideradas perigosas para a mulher

(Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação)
(Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação)

As mulheres avançam cada vez mais por setores profissionais que, antes, eram considerados “para homens”. Para esse avanço ser possível, elas superaram todo tipo de preconceito, ofensas e discriminação. Hoje, são referência para muitas mulheres correrem atrás de seus sonhos.

O dia a dia de uma mulher não é fácil. Entre tantos desafios enfrentados como trabalhar fora, cuidar da casa e dos filhos, ocorrem discriminações no ambiente profissional ou na sociedade. Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 08 de março, ressaltamos a importância delas nos diversos setores profissionais. Três mulheres contam suas histórias, conquistas e o reconhecimento recebido por suas escolhas, além de dividir como é ser mãe, esposa, filha e dona de casa.

(Foto: Arquivo pessoal)

“A profissão de Agente Penitenciário é bem desafiadora, pois é considerada uma das mais perigosas do mundo. Ela nos desafia diariamente a ir trabalhar com segurança e poder retornar para casa, na nossa dupla jornada, como mãe e esposa, e chegando aqui, temos que fazer toda a parte da gestão prisional”, destaca Alexsandra Viecelli, 32 anos, Diretora do Presídio Regional de Caxias do Sul. Ela ainda relata qual é a motivação para seguir em frente na profissão: “O que mais me motiva é tentar fazer um trabalho de melhoria no sistema prisional gaúcho, pois ele vem evoluindo há bastante tempo nesses últimos anos. Ele está sendo considerado um dos mais bem focados nos trabalhos prisionais, da ressocialização do apenado”. Na visão de Alexsandra, uma mulher guerreira “é uma mulher independente, ela é empoderada. É uma mulher que consegue fazer todas as funções e ainda atuar em qualquer atividade. As mulheres hoje estão em todos os ambientes profissionais, até a própria função de Agente Penitenciário, que era um universo totalmente masculino. De algumas décadas pra cá, as mulheres vêm gerindo e estão tanto na parte operacional quanto na gestão. A mulher guerreira é aquela que está no dia a dia, atuando como qualquer homem.”

(Foto: Arquivo pessoal)

Marcela Castoldi, Técnica Superior Penitenciário e Advogada, se identifica com o trabalho realizado na 7ª Delegacia Penitenciária Regional. Ela enfatiza os questionamentos que a comunidade faz ao saber de sua profissão: “Eu gosto muito do que faço, sou muito feliz fazendo o que faço, pesar das pessoas acharem que é um trabalho muito difícil. Quando as pessoas pedem o que faço, qual é o meu trabalho, ficam com muitas dúvidas, acham que precisa ter muita coragem ou que é um trabalho perigoso, mas eu me identifico muito com a minha profissão”. Marcela ainda fala que o trabalho de uma mulher dentro do sistema penitenciário é bem desafiador: “Nós não somos um órgão julgador: nós executamos a pena e auxiliamos na ressocialização. E muitas vezes, nos deparamos com homens que agrediram, assassinaram e estupraram uma mulher. Acho isso bem difícil e nós precisamos esquecer o que ele fez e o atender, no direito que ele tem”, conta. A advogada pede pela união feminina, e ressalta sua admiração à elas: “Admiro todas as mulheres, cada uma tem seu jeitinho especial, cada mulher tem sua maneira de viver, algumas mais fortes, outras nem tanto, mas temos todas que nos abraçar e andar unidas. Pois o mundo só vai ser melhor para as mulheres se estivermos todas de mãos dadas”, finaliza.

(Foto: Arquivo pessoal)

“Esta é uma profissão que a gente desempenha com muitos desafios. Muitas vezes se rotulam como profissões femininas e masculinas. O homem geralmente é ligado a profissões de força, a masculinidade, e a mulher, no senso comum, professora, enfermeira, à questão do cuidado. Quando uma mulher diz “sou uma agente penitenciária” as pessoas ficam surpresas”, conta Juliana Goulart Machado, Agente Penitenciário Administrativo na 7ª Delegacia Penitenciária Regional, nascida no município de Lavras do Sul-RS. Juliana faz observações à profissão: “o presídio é um ambiente majoritariamente masculino, isso não impede de desenvolver o trabalho. Mas a ótica do mundo é cercado pela visão masculina, então a mulher em qualquer função, parece que ela tem que se destacar mais para provar o seu valor como profissional. Estou há 15 anos no trabalho e sempre fui muito respeitada, muito bem recebida pelos meus colegas, mas o maior desafio é esse: ter que estar sempre provando a tua eficiência.” Além das mulheres mais importantes em sua vida, como a mãe e suas avós, ela se inspira também em suas colegas e relata os avanços da instituição ao longo dos anos: “desde 2007 tivemos grandes avanços: a gente já teve uma superintendente mulher e já tivemos também uma delegada na região. A gente tem administradoras, seguranças. A nossa instituição está abrindo muitas portas para as mulheres, isso é uma coisa que precisamos ressaltar”.

Histórias de conquistas que servem de exemplo e inspiração para a nossa sociedade. Seja como dona de seu lar ou como uma profissional de uma penitenciária, a mulher precisa ser respeitada nos diversos âmbitos e locais de trabalho, independente de suas escolhas.

(Fotos: Arquivo pessoal)
(Fotos: Arquivo pessoal)