Caxias do Sul

Alunos promovem ocupação em defesa do Bloco H da Universidade de Caxias do Sul

Foto: Divulgação
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A Universidade de Caxias do Sul anunciou recentemente o retorno das aulas presenciais em todas as unidades, mas algo incomum chamou a atenção dos estudantes dos cursos de Humanidades: as aulas específicas de cursos como Letras, História e Serviços Social, por exemplo, foram realocadas para prédios distintos do bloco de origem dos cursos, o Bloco H. O fato provocou descontentamento em boa parte dos estudantes que questionam o porquê da medida. Como a Universidade tomou uma medida sem nenhuma justificativa, estudantes procuraram professores, coordenadores de curso e o Diretório Central de Estudantes para relatar as mudanças e buscar esclarecimentos.

As coordenações de cursos e docentes que responderam os questionamentos relatam estar igualmente surpresos. Os alunos veem a situação com desconfiança e exigem diálogo a respeito. Assim, os alunos estão realizando uma ocupação do espaço desde dia 8 de março. Nesta sexta-feira, dia 11, a UCS conseguiu uma reintegração de posse, que deve ser executada nas próximas horas. Até o final da manhã deste sábado, dia 12, a instituição não se manifestou oficialmente sobre a situação e as denúncias dos estudantes.

A estudante Gabriele Patzlaff, Coordenadora do Centro Acadêmico de Estudantes de História, acredita que a retirada das aulas do Bloco H pode significar a remoção dos cursos da Área de Humanidades do prédio para alocação de um laboratório para o curso de Medicina. “No ano passado nós do CAEH, juntamente com o DCE e outros Diretórios Acadêmicos, fizemos algumas mobilizações de resistência a remoção de nossos cursos do bloco. A voz dos estudantes precisa ser ouvida, não aceitaremos essa medida. O Bloco H guarda a memória e a cultura de nossos cursos, colegas já formados e professores. Não dá para querer passar por cima disso para beneficiar somente um curso. Exigimos respeito a nossa história e ao nosso Bloco.”

A estudante se refere ao projeto de construção de um laboratório para o curso de Medicina no terceiro andar do Bloco H. Como esse andar é o que mais comporta salas de aula, a construção de um laboratório já retira boa parte da capacidade de uso do prédio pelos cursos que têm origem no Bloco. Além disso, de acordo com informações obtidas em reuniões com a gestão da universidade sobre o tema ainda em 2021, os outros andares serviriam de salas auxiliares ao laboratório de aprendizagem. Ou seja, o projeto prevê a retirada de centenas de estudantes de seu bloco de origem para alocar um laboratório de um curso que já conta com o Hospital Geral, Ambulatório Central, Bloco S e Anatômico para a realização de aulas. Uma das justificativas da universidade é de que a proximidade do Bloco H com o Ambulatório Central impede que os estudantes de Medicina tenham que caminhar mais alguns metros. No entanto, diminuir a distância e ampliar a comodidade de estudantes de um único curso não deveria comprometer e prejudicar as centenas de estudantes de cursos da Área de Humanidades que tem o Bloco H como referência desde os primeiros anos de seus cursos no Campus.

Os representantes do Diretório Central de Estudantes manifestam preocupação e afirmam que não vão aceitar medidas prejudiciais à maioria e a tomada de decisão sem diálogo com a comunidade acadêmica. “É inadmissível que uma mudança tão relevante para vários estudantes de diversos cursos da Área de Humanidades seja tomada sem nenhum diálogo, de forma vertical e inconsequente. Ainda essa semana vamos procurar a gestão da universidade e levantar mais informações sobre o tema. Vamos mobilizar os estudantes desses cursos para lutar pelos seus direitos. Como estudantes, estamos prontos para o diálogo e para a mobilização. Somos parte importante da comunidade acadêmica, afirma a estudante Kauana Melo, diretora do DCE UCS.